3 LIVROS A TODO PEDAL EM: A CAIXA DA BICICLETA

Quer antecipar as compras de Natal? Anote a dica de Mundo Bici e veja a coleção da editora espanhola La Caja Book, com 3  livros sobre ciclismo, e entre eles está A Estética da Dor: O fascínio com o sofrimento do ciclista, da paranaense Priscila Lessa. Ao todo a coleção tem 464 páginas publicadas em espanhol, com  muita história, glória e sofrimento em cima de uma bicicleta

La Caja de la….Bicicleta. Coleção com 3 livros da editora espanhola La Caja Books

São raríssimos, os livros publicados no Brasil que nos trazem o ciclismo ou a bicicleta como fio condutor de uma narrativa. Assim, quem tem possibilidade e conhecimento ou se  aventura em outros idiomas se vê obrigado a recorrer a livros importados.   A La Caja de la …Bicicleta, da editora espanhola La Caja Book é uma oportunidade para mergulhar na leitura ligada ao ciclismo.

Melhor ainda é  saber que uma produção brasileira, antes de seu publicada nestes trópicos  foi parar em uma caixa de livros de uma editora espanhola , e isso merece destaque:

A  historiadora, professora e pesquisadora Priscila Lessa está publicando seu mestrado em Educação Física pela UFPR ,  com apoio da CAPES: O ciclismo de estrada e uma experiência estética : um olhar sobre o Tour de France  pela editora espanhola La Caja Books.

O trabalho de Priscila Lessa,  foi publicado no livro Se necesitán héroes  – em tradução livre: Precisa-se de heróis –  que integra a coleção La Caja de la… Bicicleta (A Caixa da… Bicicleta). Em seu texto, Lessa  analisa a estética do sofrimento dos ciclistas e porque isso fascina as pessoas, apontando também para a relação de identidade dos  franceses com a prova mais famosa do ciclismo. A segunda parte  do livro é do dramaturgo Miguel Ferrando Rocher que levou para os palcos trechos das vidas dos ícones  do esporte como Luis Ocaña, Raymond Poulidor e Gino Bartali. Mostrando com seu texto, a partir do teatro,  que a vida não é menos difícil que a dura escalada ao Tourmalet.

 

O prólogo do livro de Priscila Lessa, nos dá uma ótima indicação do que virá pela frente ao longo das páginas de Se necesitán héroes , destacando a grande diferença entre o “vencedor e o herói, em uma sociedade tão obcecada pelo triunfo como a atual. O primeiro apenas concebe o objetivo, isto é, a vitória. Ninguém vai valorizá-lo muito além de suas conquistas, de seu registro. Em todos os esportes existem os vencedores e é fácil descobri-los: seus nomes aparecem em negrito nas listas. Mas e os heróis? A vitória está ligada ao heroísmo? Não necessariamente. Para ser um herói, também  ajuda que o seu feito seja reconhecido por milhares de pessoas, e  a glória ajuda nesse reconhecimento, mas, acima de tudo, requer empatia, identificação, valorização do feito  para muito além de seus resultados. Algo semelhante a  «não importa como isso terminou, mas eu me sentiria orgulhoso de ter feito isso “. Há no herói, desde a Grécia antiga, um componente trágico necessário e que aparece ao longo da coleção.

A liberdade, a infância, os mitos, o romantismo, a saudade. É infinita a sedução que a bicicleta desperta .  Na Caixa da… Bicicleta além do livro da brasileira Priscila Lessa, há mais dois livros aonde o universo do ciclismo, a admiração pela abnegação e pelo sofrimento e pelo arrojo de seus praticantes  ganham toda a poesia que nos remete a Grécia antiga com todo o seu lirismo, épica e dramaticidade.

La Ìliada en Maillot, foi escrito por um dos mais importantes jornalistas de ciclismo espanhol: Carlos Arribas  que escreve para o El País. Arribas descreve um Tour de concepção épica, ou como é apresentado no prefácio,  um Tour que “parece uma fantasia , uma quimera, um devaneio infantil. Um Tour de France homérico  formado por 21 etapas de montanha, sem trégua nem descanso. Um percurso de três semanas por montanhas sem fim para levar os ciclistas à exaustão e os fãs ao êxtase.  Além disso, com ciclistas de diferentes épocas . De Pantani, Virenque, Zülle e Escartín, a Nairo, Froome, Aru e Contador. Com os granes picos de sempre engatados uma outro, repetindo a passagem pelas lendárias montanhas se isso convém à história. Com a nevoa nebulosa da altitude e das caravanas encalhadas na sarjeta como única paisagem da corrida. Com a pedalada incansável de um  pelotão fraturado pelas 86 montanhas -22 categoria especial, 24 de primeira, 13 de segunda, 18 de terceira e 9 de quarta – pelas que atravessa este Tour impossível. Um tour feito de papel e tinta”. De olhares e palavras  escolhidas por um mesmo cronista, testemunha única e relator de um Tour imaginário.  Ao todo, são 21 cronicas do Tour publicadas por Carlos Arrivas entre os anos de 2000 e 2017.

A coleção se completa com Elogio del Tour, do escritor francês Éric Fottorino que através do seu estilo delicado e intimista, nos leva às suas lembranças que traz desde sua infância toda carregada de imagens em preto e branco que nos conduzem aos mundos de Coppi a  Antquetil, de Bobet a Merckx, de Gimondi a Thévenet.

Fottorino é formado em Direito e Ciências Políticas, jornalista com vários prêmios internacionais, foi diretor do Le Monde e atualmente é diretor do semanário Le 1. Tem mais de 30 livros publicados.  Foi ciclista amador entre 1975 e 1980;  e em 2001 ele disputou o Grand Prix du Midi Libre, a experiência se transformou no livro Je pars demain. Em 2013, na edição de número 100 do TDf integrou a equipe do Tour de Fête que percorreu todas as etapas um dia antes do pelotão profissional. Recentemente foi comentarista do Tour para o canal France2

E assim apresentamos a coleção da editora espanhola La Caja Books que se especializou em editar caixas que contem três livros, não muito extensos, sobre um mesmo assunto e com estilos diferentes.

A coleção custa na Europa 32,90 Euros – https://libreria.lacajabooks.com/libro/la-caja-de-la-bicicleta_83111/

A editora disponibiliza alguns trechinhos dos livros  através do link:

https://www.lacajabooks.com/wp-content/uploads/2018/09/Primeras-p%C3%A1ginas-La-Caja-de-la-Bicicleta.pdf

 

 

 

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