CHAMAN: O BRONZE INÉDITO DO PARACICLISMO NA CRONO INDIVIDUAL

 

O paraciclista Lauro Chaman conquista uma medalha inédita para o paraciclismo brasileiro:  um bronze olímpico. O italiano Alex Zanardi, um dia antes de completar 15 anos do terrível acidente que o colocou no paradesporto, conquista a terceira medalha de ouro. Assim começaram as provas de estrada da Paraolimpíada Rio2016

foto: CPB

Lauro Chaman conquista a primeira medalha do paraciclismo brasileiro foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Um bronze olímpico  que reflete o bom desempenho das duas últimas temporadas de Lauro Chaman. O paulista de Araraquara, em 2015  havia conquistado de dois ouros e uma prata no Parapan de Toronto e uma prata na 3ª  etapa da Copa do Mundo;  neste ano já tinha um ouro na Copa do Mundo na Bélgica e o lugar na Perseguição Invidual quatro dias antes de subir no pódio da Rio2016 , aos 29 anos se coloca com o melhor resultado do paraciclismo brasileiro. Até os Jogos Paraolímpicos do Rio, o melhor desempenho brasileiro havia sido obtido por João Schwind (falecido em 2012), quando obteve o 4º lugar na prova de estrada de Londres’2012.

Uma medalha para virar a página e colocar em segundo plano a punição por doping que o afastou da Paraolimpíada de Londres’2012, após ter sido flagrado por uso de substâncias proibidas ( metilexanamina, anfepramona, norandrosterona, noretiocolanolona, mefentermina e testosterona)   na 2ª e 3ª etapas da Copa do Mundo de Paraciclismo, em Segóvia, na Espanha, e em Baie-Comeau, no Canadá, realizadas em junho e julho de 2011 e que resultaram em uma suspensão de 2 anos.  Lauro que nasceu com o pé esquerdo virado para trás é classificado na categoria C5, passou por  três cirurgias para corrigir a posição do pé, mas a canela e o tornozelo acabaram sendo prejudicados no tratamento, um atrofiado e o outro sem movimento em razão disso, ele tem 30% a menos de força na perna, o que o classifica como paraciclista, mesmo assim ele também disputa provas na categoria Elite.

Soelito Gohr,

Soelito Gohr 9º tempo na Crono Individual C5, foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Após o pódio Chaman comentou ” Sempre sonhei com esse dia e viver esse momento é uma coisa maravilhosa. Fiz um tempo dentro do que eu esperava. Se corresse outras 20 vezes, não conseguiria fazer melhor. Essa é minha primeira vez nos Jogos Paralímpicos. Se a gente tentar, tiver fé e acreditar, consegue alcançar nossos objetivos. Não venci, mas a sensação é de dever cumprido”.

Na categoria C5 a vitória foi do ucraniano Yehor Dementyev que obteve o seu segundo ouro nesta paraolimpíada.  O outro representante brasileiro na C5  e aniversariante do dia– o catarinense Soelito Gohr, terminou a prova na 9ª posição.  Com uma participação mais tímida e em sua estreia nas provas paraolímpicas,  Marcia Fanhani, competindo na categoria B – em bicicleta tandem guidada por Mariane Ferreira terminou na 16ª posição. Jady Malavazzi, na categoria H1H3 (handbike) terminou em uma posição intermediária, um 6º lugar na prova que teve com vencedora a britânica Karen Darke.

Marcia Fanhani-Mariane Ferreira

Mariane Ferreira guia a bicicleta para Marcia Fanhani, na disputa da crono para deficientes visuais – foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Muitos dos ciclistas que obtiveram medalhas nas provas de pista também disputaram a crono paraolímpica, entre eles o canadense Tristen Chernove que vinha de um bronze (Km) e uma prata (perseguição) e que conquistou o ouro ao vencer a categoria C2.

Na categoria feminina C5, a britânica Sarah Storey conquistou a sua segunda medalha paraolímpica, vencedora da perseguição individual, também  levou o ouro na crono que teve largada na Praia do Pontal. Outra ciclista que conquistou a segunda medalha de ouro foi a holandesa Alyda Norbruis vencedora dos 500m da C1-2-3 e que dominou a sua categoria na estrada.

Alex Zanardi conquista 15 anos depois do seu grave acidente a 3 medalha de ouro - foto: Getty Images

Alex Zanardi conquista 15 anos depois do seu grave acidente a 3 medalha de ouro – foto: NurPhoto/Getty Images

Porém em meio a tantos campeões e exemplos de superação quem acaba atraindo as atenções dos meios de comunicação é Alessandro Zanardi, piloto profissional entre 1982 e 2001 correu na F1, Indy-Cart e WTC que teve as duas pernas amputadas e correu sério risco de morte, tendo de ser reanimado sete vezes após um grave acidente no circuito de Lausitz, na Alemanha, há 15 anos durante uma prova da Cart. No Rio de Janeiro, aonde em 1996 conquistou sua primeira pole position na Fórmula Indy, conquistou sua quarta medalha paraolímpica, a terceira medalha de ouro na categoria H4-Handbike. Ao final da premiação, durante a entrevista coletiva, Zanardi declarou: “Foi uma corrida muito difícil, não sei como fiz isso. Tenho um cansaço incrível, não sei o que restou para a próxima corrida, mas esta eu já levei. Se você é apenas motivado pela ambição, em certo momento você cansa, deve ser por paixão” , lembrando que um dia depois terá de disputar a prova de estrada e que precisou se esforçar muito na crono, pois no km 10, na metade da prova, ele ocupava a terceira posição, atrás do australiano Tripp Stuart e do holandês Tim de Vries. Os italianos terminaram o primeiro dia de disputas na estrada com uma bela festa com três ouros (Zanardi, Podesta e Mazzone), mesmo número de ouros conquistados pelos britânicos e alemães.

Jady Malavazzi marcou o 6º tempo na H3 - foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Jady Malavazzi marcou o 6º tempo na H3 – foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

PARAOLÍMPIADA – CONTRA-RELÓGIO INDIVIDUAL

Contra-relógio masculino C2 – 20 km

1- Tristen Chernove/Canadá – 27m43s16 – vel. média 43.291 km/h

2- Colin Lynch/Irlanda +19s09

3- Guihua Liang/China +34s61

Contra-relógio feminino C5 – 20 km

1- Sarah Storey/Grã Bretanha 27m22s42 – vel. média 43.838 kmh

2- Anna Harkowska/Polônia +1m30s37

2- Samantha Bosco/Estados Unidos +1m42s24

Contra-relógio feminino C4 – 20 km

1- Shawn Morelli/Estados Unidos – 29m45s40 – vel média 40.327 km/h

2- Megan Fisher/Estados Unidos +30s32

3- Susan Powell/Austrália +33s89

Pódio da C5, Donohoe, Dementyev e Chaman - foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Pódio da C5, Donohoe, Dementyev e Chaman – foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Contra-relógio masculino C1 – 20 km

1- Michael Teuber/Alemanha 27m53s98 – vel. média 43.011 km/h

2- Wilson Ross/Canadá +53m36

3- Giancarlo Masini/Itália + 53s85

Contra-relógio feminino C1-2-3 – 20 km

1- Alyda Norbruis/Holanda  C2– 29m46s51 – vel. média 38.908km/h

2- Denise Schindler/Alemanha  C3- 30m18s99

3- Sini cheng/China C2 – 30m41s.42

Contra-relógio masculino H5 – 20 km

1- Alessandro Zanardi/Itália – 28m36s81 – vel. média 41.938 km/h

2- Stuart Tripp/Austrália +2s74

3- Oscar Sanchez/Estados Unidos +14s92

Contra-relógio masculino H4 – 20 km

1- Rafal Wilk/Polônia – 27m39s31 – vel. média 43.392 km/h

2- Thomas Fruhwirth/Áustria +10s00

3- Vico Merklein/Alemanha +1mo3s03

Katie Dunlevy e Evelyb McCrystal comemoram o ouro - foto: Diarmuid Green/GettyImages

Katie Dunlevy e Evelyb McCrystal comemoram o ouro – foto: Diarmuid Green/GettyImages

Contra-relógio masculino H3 – 20 km

1- Vittorio Podesta/Itália 28m19s45 – vel. média 42.367 km/h

2- Walter Ablinger/Áustria +1m06s56

3- Charles Moreau/Canadá +1m07s46

Contra-relógio feminino H4-5 – 20 km

1- Dorothee Vieth/Alemanha H5– 31m35s46 – vel. média 37.986 km/h

2- Andrea Eskau/Alemanha H5 – +39s96

3- Laaura de Vaan/Holanda + 1m27s46

Contra-relógio masculino H2 – 20 km

1- Luca Mazzone/Itália 32m07s09 – vel. média 37.362 km/h

2-  William Groulux/Estados Unidos +6s03

3- Brian Sheridan/Estados Unidos +1m32s65

Contra-relógio feminino H1-2-3 – 20 km

1- Karen Darke/Grã Bretanha H3 – 33m44s93 – vel. média 35.557km/h

2- Alicia Dana /Estados Unidos H3 +13s

3- Francesca Porcellato/Itália H3

6- Jady Malavazzi/Brasil  H3

Contra relógio masculino B/Tandem – 30 km

1- Steve Bate-Adam Duggleby/Grãa Bretanha – 34m35s33 – vel. média 52.400 km/h

2- Vincent ter Schure-Timo Fransen/Holanda +8s83

3- Kieran Modra-David Edwards/Austrália + 33s73

Contra-relógio masculino C5 – 30 km

1- Yehor Dementyev/Ucrânia 36m53s23 – vel. média 48.797 km/h

2- Alistair Donohoe/Austrália + 40s13

3- Laudo Chaman/Brasil +44s20

9- Soelito Gohr/Brasil + +3m56s47

Contra-relógio masculino C4 – 30 km

1- Jozef Metelka/Eslováquia – 37m52s84 – vel. média 47.518 km/h

2- Kyle Bridgwood/Austrália +30s37

3- Patrik Kuril/Eslováquia +1m14s71

Contra-relógio masculino C3 – 30 km

1- Eoghan Clifford/Irlanda – 38m21s79 vel. média 46.920

2- Masaki Fujita/Japão + 1m08s62

3- Michael Sametz/Canadá +1m19s03

Contra-relógio feminino B/Tandem – 30 km

1- katie Dunlevy-Evelyn McCrystal/Irlanda – 38m59s22 – vel. média 46.169 km/h

2- Yurie Kanuma-Mai Tanaka +33s70

3- Lora Turnham-Corrine Hall/Grã Bretanha +34s59

16- Marcia Fanhani-Mariane Ferreira/Brasil +9m01s14

Contra-relógio masculino T1-2 – 15 km

1- Hans-Peter Durst/Alemanha – 22m57s34 – vel. média 39.206km/h

2- Ryan Boyle/Estados Unidos

3- David Stone/Grã Bretanha

Contra-relógio feminino T1-2 – 15 km

1- Carol Cooke/Austrália 26m11s40 – vel. média 34.364km/h

2- Jill Walsh/Estados Unidos +38s67

3- Shelley Gautie/ Canadá – +39s47

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