GIRO 2018: HISTÓRICA LARGADA EM JERUSALÉM

Pela primeira vez na história das grandes voltas uma largada acontecerá além das fronteiras europeias. Conforme Mundo Bici havia antecipado o GIRO 2018 terá sua largada em Israel com uma contra-relógio individual. Serão três etapas da grande volta italiana sendo disputadas na Ásia a partir de 4 de maio – confira o percurso e a altimetria das três etapas

Apresentação da Grande Parteza 2018 em Israel contou com a presença de Contador e Ivan Basso – foto: RCS

Há muito mais que um evento esportivo e de negócios por trás da 13ª largada de um  Giro além das fronteiras italianas.  Em 2018 o Estado de Israel comemora o 70º aniversário ,  resgatar a história e render uma homenagem a Gino Bartali que durante a Segunda Guerra Mundial,   em uma Itália tomada pelo nazi-fascismo,  arriscou sua vida para salvar centenas de judeus carregando no quadro de sua bicicleta documentos falsos que garantiam a possibilidade de fuga, o ato que ficou guardado em segredo anos redeu ao ciclista italiano um registro de honra no muro do Jardins dos Justos no Mausoléu da Memória do Holocausto, em Jerusalém.  A história está registrada no belo livro  O Leão da Toscana  de Aili e Andres McConnon , lançado no Brasil em 2012.

Na segunda-feira, 18/09 o que era um  boato ou especulação se confirmou em um a conferência para a imprensa realizada no Hotel Waldorf Astoria de Jerusalém com a presença de familiares de Bartali e dos ganhadores da volta italiana Alberto Contador e Ivan Basso:  o Giro 2018 , o 101º terá sua largada em Israel.

GIRO 2018 terá três etapas em Israel – pela primeira vez na história uma grane volta terá sua largada fora do continente europeu

 

 

Além dos dois vencedores da prova, estiveram presentes o prefeito de Jerusalém Nir Barkat, o ministro italiano do Esperote, Luca Lotti, os ministros israelenses da Cultura e Desporto, Miri Regev, e do Turismo, Yariv Levin. A apresentação ficou por conta do diretor do giro Mauro Vegni.

Em declaração ao jornal espanhol Marca, Ran Margaliot, diretor da Israel Cycling Academy, uma das prováveis equipes a receber o tão cobiçado wild card (convite) para participar do Giro, declarou sobre a disputa na cidade: “Jerusalém é uma cidade santa que mistura todas as culturas e religiões. Queremos criar para todos uma largada cheia de emoção que seja vista em todo o mundo”.

A Grane Partenza acontece com uma CRI nas ruas da cidade velha de Jerusálem

As autoridades israelenses deram a realização das três etapas como “o maior espetáculo esportivo jamais disputado no país”. Em Israel já foram disputados Mundiais sub21 de futebol, jogos da liga Eurobasket mas desta vez será o primeiro evento, verdadeiramente, de grandíssima repercussão internacional e com isso, os dirigentes, também acreditam que será um forte investimento para aumentar o interesse pela bicicleta no país.

Vencedor em 2008 e 2015, o espanhol Alberto Contaor declarou: “Para mim é um acerto trazer a largada do Giro para cá. Estamos falando de um lugar com encanto. Estive visitando Israel alguns anos atrás e gostei muito. A largada tem muitos incentivos para uma prova sempre cheia de atrações”.  O outro convidado na festa, Ivan Basso, vencedor em 2006 e 2010, disse: “Para um italiano como eu o Giro será sempre a corrida mais importante. Mais uma vez teremos uma volta incrível e esta ‘grande partenza’  ajudará a aumentar o espetáculo”.

No segundo dia o pelotão chegará a Tel Aviv – centro financeiro e tecnológico de Israel

Mauro Vegni, o patrão do Giro falou sobre a escolha da grande Partenza além das fronteiras europeias: “Havia outros projetos, mas o de Isarel vai além por tudo o que representa.  Essa vontade de ciclismo me traz a lembrança a Sicília que organizou o Mundial de 1994 em Agrigento, alguns anos após os massacres da máfia em busca de dar uma imagem diferente de seu território. Segurança? Com toda sinceridade, neste momento não me sentiria mais seguro na Europa. No que diz respeito às questões políticas, sabemos que haverá alguma instrumentalização. Mas nós não vamos além dos feitos pelo governo italiano “.

Quanto às questões de logística,  a organização apontou que não será muito diferente daquela que foi realizada para a largada de Belfast, na Irlanda,  em 2014. Os carros, caminhões e ônibus das equipes serão embarcados com antecedência para cruzar o mediterrâneo em Ferry boats (navios) para uma viagem de 3 dias, sendo que parte da estrutura das equipes será mantida no continente europeu para a retomada da competição na Sicília.  A questão climática também foi levantada, e apesar de acontecerem etapas cortando o deserto, o sol durante o mês de maio, primavera em Israel,   não será um problema

Última etapa em solo israelense – o pelotão parte em direção ao sul com chegada às margens do Mar Vermelho

A largada do Giro será na sexta-feira 4 de maio com uma contra-relógio de 10,1 km bastante dura, com traçado todo ondulado dentro da cidade antiga, passando por lugares símbolo como o Parlamento (Knesset) e chegada em pequena subida será perto dos muros da cidade histórica no Portão e Jaffa, ou Portão de David.

No sábado, 5 de maio, será uma etapa de 167 Km entre Haifa e Tel Aviv em um percurso praticamente plano, não fosse a subida perto e Acri e o Prêmio de Montanha em Zikron Yakov , pouco depois da metade da prova, daí em diante o percurso é praticamente plano para uma chegada em uma avenida às margens do Mediterrâneo aonde será o dia dos velocistas.

O último dia do pelotão em Israel, reserva 226 km entre Be’er Sheva e Eilat, às margens do Mar Vermelho, no Golfo de Aqaba. Não é uma etapa difícil, mas o sobe e desce servirá para desgastar o pelotão antes da entrada no deserto de Negev, depois o trajeto é uma longa descida até Eilat. Mesmo antes de ter todo o percurso definido, essa terceira etapa é candidata a ser a mais longa do Giro2018. Após a competição, acontece o primeiro dia de descanso, quando o pelotão se descolará em voos charter em direção à Siciclia.

O restante do percurso começará a ser desvendado aos poucos e ao que tudo indica, falta uma posição oficial é a da chegada em Roma. Porém o diretor da prova, Vegni,  já deixou clara sua posição: “Mas não será um Giro santo. Isto é apenas ciclismo”, talvez por isso ele guarde seu sonho bem escondido de poder contar com Froome e que este faça a dobradinha Giro>Tour. A crono de abertura será num terreno ideal, quem sabe para apresentar um Froome em maglia rosa; mas ainda há muito do traçado do Giro a ser desvendado e as montanhas italianas por mais de uma vez mostraram-se armadilhas ou desafios intransponíveis para muitos campeões .

 

GIRO2018 – AMORE INFINIT01

Conheça a altimetria das 3 etapas que serão disputadas em Israel 

 

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