Scope Atmoz poderá fazer, definitivamente, sua estreia na mais dura das clássicas a Paris-Roubaix, no próximo final de semana equipando as bicicletas do Team DSM. O sistema possibilita o controle da pressão dos pneus da bicicleta em movimento, havia sido apresentado no ano passado e não foi utilizado, e pode ser um trunfo para enfrentar os temidos paralelepípedos franceses
A tradicionalíssima clássica do ciclismo Paris-Roubaix, também conhecida como Inferno do Norte – e que no domingo 9 de abril terá sua 120ª edição sendo disputada, sempre foi terreno para testar componentes ou soluções que trouxessem maior resistência à bicicleta ou garantissem algum conforto ao ciclista para enfrentar os vários trechos de paralelepípedos – os pavés para os franceses – neste ano serão 54,5km nesse difícil terreno – mantidos por serem caminhos históricos, dos 257 km de prova. É verdade que muitas dessas soluções não emplacaram no mercado ou deixaram de ser usadas, muitas vezes porque simplesmente elas não funcionaram.
Pedalar nos paralelepípedos é algo extremamente desgastante – exige habilidade e cobra alto preço do físico dos ciclistas, que terminam a prova totalmente extenuados – imagine, então, se antes da corrida ou mesmo durante a disputa, chover. É um verdadeiro Inferno. Ajustar a calibragem do pneu para enfrentar esta – e qualquer outra – corrida é um trunfo que pode fazer muita diferença, e evitar furos e toda a tensão que é uma troca de roda em um percurso complicado, agora imagine que você possa encher e esvaziar o pneu durante a competição, de acordo ao terreno que vem pela frente.
Esta solução foi apresenta no ano passado pela Scope, uma empresa dos Países Baixos, fabricante de rodas de fibra de carbono que criou o sistema Atmoz que permite ajustar a pressão dos pneus com a bicicleta em movimento.
O sistema, aprovado pela UCI, em 2022 faria sua estreia naquele ano, nessa mesma prova, porém a DSM que participou no desenvolvimento do produto optou por não largar usando componente – a equipe declarou naquele então que: “Os ciclistas primeiro precisam se acostumar com o novo sistema”. A Jumbo-Visma e a QuickStep que também sinalizavam com estrear um sistema similar, também desenvolvido nos Países Baixos, o KATS – Kinetic Air Pressure System ou Sistema de Pressão de Ar Cinético, naquele momento, também, abandonaram a ideia.
Passado um ano, e com muitas horas de teste e adaptação, o Team DSM divulgou que utilizará o sistema. A equipe não disse se todos os ciclistas largarão com as rodas equipadas com o sistema Atmoz, a definição acontecerá na sexta-feira no último treino de reconhecimento do percurso.
A concorrente também se mexeu e Edoardo Affini, da Jumbo-Visma usou o sistema KAPS da Hubtech uma semana antes Dwars door Vlaanderen – Tour de Flandres – que também tem seus trechos de paralelepípedos bem complicados.
Niki Terpstra, colunista do jornal belga Nieuwsblad acredita que o sistema pode ajudar se funcionar. “Em paralelepípedos, você prefere ter menos pressão do que no asfalto, para não pular de paralelepípedo em paralelepípedo, mas rolar mais suavemente de um para o outro. Um sistema que permite ajustar a pressão dos pneus durante a corrida certamente pode render lucros. Suspeito que você só pode deixar a pressão diminuir algumas vezes e bombeá-la de volta. Em princípio, os primeiros 100 km são apenas asfalto, então você pode começar com mais pressão nos pneus. Para as primeiras seções de paralelepípedos, você pode deixar sair um pouco de ar e depois bombeá-lo novamente em uma seção intermediária para fazer o mesmo novamente na final. Se você pode chegar no velódromo de Roubaix com 6 bar em seus pneus em vez de 3, isso economiza muito em um sprint. Você só precisa ter certeza de que funciona antes de deixar um líder começar com isso. Eu não correria o risco”, sentenciou.
O sistema começou a ser desenvolvido em 2020 graças à experiência que a Scope tem no desenvolvimento de rodas de carbono de alto desempenho – entre as parcerias em seus projetos além da equipe DSM, também está o fabricante de pneus Schwalve, a SKF e as Universidades de Tecnologia de Eidhoven e Delft.
O Scope Atmoz por meio de dois botões que funcionam como controle remoto, possibilita ajustar manualmente a pressão dos pneus, e a informação da calibragem é visualizada no ciclomputador montado na bicicleta.
O Atmoz funciona com uma bateria interna recarregável e com um reservatório de ar pré-carregado para inflar os pneus e, isso é um dos limitadores do sistema para que o ciclista que o utiliza entenda quantas vezes poderá utiliza-lo durante a competição.
Um dos técnicos da marca, durante a apresentação do produto, em uma grande feira do setor, informava que em uma prova como a Paris-Roubaix com uma bicicleta montada com pneus tubeless de estrada de 30 mm e com o sistema predefinido para trabalhar com a pressão mínima de 3,5 bar (43,5 Psi) e a máxima de 5,5 bar (80 Psi) é possível encher e esvaziar o pneu, cada uma dessas ações, 8 vezes em uma corrida.
Esse procedimento de ajustar a calibragem pode reduzir a resistência ao rolamento em até 30 watts, o que representa muito em qualquer competição ou mesmo em uma longa jornada de pedal. Além disso há uma sensível melhora no conforto, e com um aumento da segurança do ciclista em terrenos mais difíceis e em pistas molhadas.
O sistema que atualmente na Europa é comercializado no site da empresa por 4mil euros pode ser montado em rodas 28”/29er/700c.
Especificações
- Peso: 300 gramas
- Taxa de inflado/encher: 0,5 bar/s (7,3 psi/s)
- Taxa de desinflado/murchar: 0,5 bar/s (7,3 psi/s)
- Pressão mínima/máxima dos pneus: Personalizado
- Comunicação: ANT+/Bluetooth
- Carregamento: Micro USB
- Limitações de peso: Não
- Pneus compatíveis: apenas Tubeless
- Conjuntos de rodas compatíveis: Qualquer conjunto de rodas 28” / 29-er / 700C