Escolha o circuito – longo ou curto – mas o campeão brasileiro de mountain bike tanto no masculino como no feminino é um só. No feminino Karen Olímpio mostrou toda sua força e é a campeã brasileira de XCC e XCO de 2021. No masculino o favoritismo de Avancini foi posto à prova no short track, em uma prova das mais emocionantes e diferenças apertadas entre os três melhores e no cross country o maior vencedor da modalidade teve que superar um tombo e um problema mecânico para conquistar seu 7º título na Elite
Pelo terceiro ano consecutivo a área do Instituto Mairiporã, recebeu o MTB Festival, evento que sedia o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike com a disputa das provas de short track e cross country olímpico em uma programação de 4 dias com as principais categorias oficiais da Confederação Brasileira de Ciclismo
XCC FOI DISPUTADO SOB CHUVA
A Elite e os sub23 , entraram na pista no domingo (31/10) para disputar a prova de circuito curto, em um novo traçado com subida forte e um trecho mais técnico em meio à mata com muitas raízes.
Na prova feminina, sem a participação da campeã de 2020 , Giugiu Morgen que optou por não defender o título, teve a vitória de Karen Olímpio. A prova começou com o grupo de favoritas formado por Letícia Cândido, Karen Olímpio, Hercília Najara e Isabella Lacerda buscando a ponta do pelotão, sendo perseguidas por um grupo liderado por Raiza Goulão.
Na segunda volta, uma nova seleção onde ficaram à frente Karen, Isabella e Najara, o grupo se manteve assim por mais uma volta, mas Karen optou por forçar o ritmo sendo acompanhada por Isabella, quando fez o melhor tempo do circuito e abriu uma boa vantagem. Karen forçou mais uma vez o ritmo e na quarta volta fez a melhor volta com 5m 48s e levando sua vantagem para mais de 50 segundos, mantendo um nível elevado de pedaladas cruzou a linha de chegada com uma vantagem de 1m12s para Hercília Najara que ultrapassou Isabella na última volta.
ZÉ GABRIEL UM ADVERSÁRIO À ALTURA PARA AVANCINI
Na prova masculina, com a participação do vice-campeão mundial de short track, Henrique Avancini, seria difícil tirar seu favoritismo a mais um título brasileiro. Mas seus adversários não deram moleza e venderam caro a vitória.
Um dos que mais fustigou Avancini foi José Gabriel que desde a largada buscou a ponta do pelotão. Dois garotos da sub23, também entraram nessa luta por posições, Gustavo Xavier e Alex Malacarne . A esse grupo de ponteiros se juntaram Luiz Henrique Cocuzzi, Ulan Galinski e Sherman Trezza, Kennedi Sampaio e Edson Rezende.
Com tanta tensão no grupo, Avanci optou por acompanhar de perto seus adversários, posicionando entre o terceiro e quarto lugar. Na metade da prova o grupo se reduziu a seis competidores e na terceira volta Avancini iniciou uma série de ataques mas em todos eles ele foi acompanhado por Zé Gabriel, Cocuzzi e Gustavo Xavier.
Na quarta volta mais uma forçada de Avancini que só foi acompanhado por Zé Gabriel, porém antes de abrirem a última volta o grupo perseguidor encurtava distância. Na última volta, Zé Gabriel chegou a assumir a ponta, mas Avancini no trecho de subida aumentou as pedaladas abrindo uma pequena vantagem sobre Zé Gabriel que tinha Gustavo Xavier como perseguidor.
Os metros finais foram de pura emoção com Avancini sendo caçado por Zé Gabriel que tinha que se cuidar de um ataque de Gustavo Xavier. Um final que prova que ninguém poderia imaginar.
“Foi uma prova duríssima, primeiro o clima, aquele chove não chove, a pista de lama só molhada, dei uma olhada nos boxes para ver a combinação de pneus de alguns atletas. Fui com um setup misto, de misto pra seco, arrisquei pra menos um pouco. Foi uma prova interessantíssima, estou muito feliz em ver como essa nova geração está competindo, sangue nos olhos, aquela coisa que os caras estão mais que almejando o resultado, eles estão almejando subir a performance. O Zé tentou ganhar a prova e não esperou a chance, ele reagiu aos ataques, ele fez ataques. No final quando eu bati o martelo ele reagiu, botou pressão. É legal ver isso, Alex, o Gustavo, o Ulan, essa nova geração de 20 e poucos anos andando dessa forma, estamos com uma nova geração bastante promissora e com um cenário bom, são vários atletas em um nível próximo, isso vai ajudar bastante no crescimento interno da modalidade, e reflete internacionalmente”, comentou o bicampeão brasileiro de short track.
XCO – KAREN E AVANCINI MAIS UMA VEZ NO ALTO DO PÓDIO
Na terça-feira (2/11), aconteceu a disputa do cross country e na prova feminina, mais uma vez Karen Olímpio confirmou que está numa fase muito boa, e após vencer no domingo o XCC se impôs para conquistar a vitória.
As competidoras enfrentaram 1 longa volta de largada e mais 4 no circuito. Desde a largada Hercilia Najara buscou a ponta do grupo, sendo acompanhada por Leticia Cândido e Isabella Lacerda, Karen e um pouco mais distante Raiza Goulão que corria para tentar revalidar seu título brasileiro.
De volta às disputas de um título brasileiro de XCO após a suspensão de 4 anos pela UCI por doping, Isabella Lacerda que voltou às competições no início deste ano, mostrou estar com fome de vitórias e atacou com determinação, porém Karen mostrava já no início da prova que estava muito forte e acompanhou a ação.
O quarteto rodou mais ou menos próximo, porém na segunda volta no circuito completo, o ritmo de Karen era superior ao das demais adversárias, e aos poucos começou a ganhar vantagem.
Com as competidoras fazendo o percurso em mais de 17 minutos, corria-se o risco de estourar o tempo limite de 1h30 de prova, assim os comissários da CBC decidiram por retirar uma volta, reduzindo de 5 para 4 voltas (+1 a volta de largada ou start lap).
Karen que havia construído sua vantagem entre a segunda e a terceira volta, fez a última volta com cuidado para garantir a primeira posição. Letícia Cândido forçou o ritmo para se firmar na segunda posição e garantir a medalha de prata, superando a Isabella Lacerda em 25 segundos.
A nova campeã brasileira da Elite, após um desempenho perfeito vibrou muito com o resultado e declarou à REdBull TV: “Arrepiante, muita emoção, muito trabalho feito aí nos bastidores. Vim de uma temporada difícil, nas duas últimas provas não consegui entregar tudo o que eu tinha pois tive alguns problemas. Mas eu consegui entregar tudo hoje e anteontem no short track, vim treinando muito nessa temporada e consegui atingir esse objetivo. Todo atleta sonha com o campeonato brasileiro como sou a atleta mais nova da elite chegou a hora e meu objetivo é a próxima olimpíada em Paris onde vou trabalhar com todas as minhas forças pra chegar lá”.
O cross country masculino veio com um roteiro muito parecido ao que temos visto nas competições nacionais desta temporada que se encerra: Zé Gabriel atacando e fustigando o campeão Avancini logo nas primeiras pedaladas.
Porém na volta de largada quem quis surpreender foi Edimilson Macedo que no trecho mais íngreme da primeira subida atacou o pelotão, surpreendendo todos os favoritos chegando a abrir uma pequena vantagem, mas a ação durou pouco pois ele se atrapalhou no caminho e ao invés de encarar uma rampa e ele se confundiu e parou sendo engolido por todo o grupo, isso foi a oportunidade para que Zé Gabriel e Cocuzzi assumissem a ponta, seguidos por Avancini, vindo de trás Ulan Galinski se esforçava para tentar conectar com o trio.
Na primeira volta, começou a troca de posições com Cocuzzi assumindo a ponta, com Zé Gabriel, Avancini e Ulan rodando junto, mas sem o nº1 do país ir para a frente do grupo, Avancini apenas acompanhava o forte ritmo.
Com pouco mais de 25 minutos de prova, na segunda volta, o primeiro susto de Avancini que perdeu a dianteira, soltou o pé do pedal quando liderava a prova em um trecho com raízes. Foi a oportunidade para Zé Gabriel mais uma vez forçar o ritmo e aproveitou o trecho em descida para tentar aumentar a vantagem; atrás Ulan Galinski colocou Avancini em sua roda e os dois foram à caça do ponteiro, e quando Avancini chegou passou e assumiu a liderança.
Avancini iniciou a aceleração, Zé Gabriel acompanhou por alguns trechos, mas aos poucos a diferença entre os dois aumentava. Momentos antes do final da segunda volta, Zé Gabriel já sinalizava o cansaço provocado pelo forte ritmo do começo da prova; enquanto Ulan sofria com um furo do pneu traseiro longe da área de apoio.
A aceleração de Avancini tinha seus motivos, e isso só foi revelado ao final da prova: desde o início da corrida ele estava com problemas no cubo da roda traseira e assim aproveitou os 46 segundos de vantagem para trocar a roda e ainda voltar à frente de Cocuzzi que rodava em segundo.
“Logo no começo da prova senti um problema na roda e fiquei com medo de estourar a corrente. Construí uma vantagem para conseguir parar e trocar. Consegui aumentar a diferença antes da parada e ainda sair em primeiro. Talvez desse para seguir direto, mas não podia arriscar arrebentar a corrente longe do ponto de troca. Às vezes pequenos problemas nos obrigam a tomar decisões estratégicas”, explicou.
Após a troca da roda, Avancini partiu em seu desafio pessoal em busca de seu 19º título nacional, o 7º na Elite e não cedeu um segundo até chegar ao final da prova. Cocuzzi se manteve em segundo com Zé Gabriel em terceiro.
“Muito feliz com mais um título brasileiro. Enquanto eu estiver ativo quero ter essa bandeira no peito”, resumiu Avancini após a vitória. “Foi uma prova pesada, terminei muito cansado e, agora, preciso de férias. Me senti ameaçado para conseguir buscar forças no fundo da alma. Sempre que passeio com a minha filha e ela vê uma bandeira do Brasil ela diz ‘a sua bandeira do Brasil’ e hoje ela mandou um áudio me pedindo para ganhar a minha bandeira do Brasil.”
Já pensando nas férias o heptacampeão da elite comentou o ano de 2021: “Foi uma temporada duríssima, com grandes desafios principalmente fora das pistas. Preciso me cuidar, cuidar da saúde, investir na família. Fico feliz por terminar em alta a temporada no exterior, inclusive com vitória no short track na etapa da Copa do Mundo na Suíça. Foi uma temporada muito exigente e este ano percebi que preciso otimizar minhas forças. Sinto que consigo ser muito mais eficiente e preciso usar meu corpo com mais inteligência. É preciso gastar os cartuchos com sabedoria”.
Campeonato Brasileiro de MTB – Instituto Mairiporã/ SP
XCC – Short Track – 31/10/2021
Circuito de 1.952 m – 53 m de elevação por volta
Elite – sub23 Feminina – 18 competidoras
1- Karen Olimpio – Audax Bike Team – 31m20s276
2- Hercilia Najara Ferreira – TSW Racing Team +1m12
3- Isabella Lacerda +1m45
4- Letícia Cândido – Specialized Racing Br +2m07
5- Raiza Goulão – Squadra Oggi +3m02
Elite Masculina – Sub23 – 34 competidores
1- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – 25m54s771
2- José Gabriel Marques – Squadra Oggi +1s21
3- Gustavo Xavier – Specialized +2s07
4-Ulan Galinski – Caloi Henrique Avancini Team +4s86
5- Alex Malacarne – Trinity Racing +9s33
XCO – Cross Country Olímpico – 02/11/2021
Circuito de 4.810 m – 187 m de elevação por volta
Elite Feminina – 1 volta de largada + 4 voltas – 22 competidoras
1- Karen Olímpio – Audax Bike Team – 1h25m04s177
2- Letícia Cândido – Specialized Racing Br +39s10
3- Isabella Lacerda +1m03s
4- Hercilia Najara Ferreira – TSW Racing Team +2m55s171
5- Raiza Goulão – Squadra Oggi +5m28s463
Elite Masculina – 1 volta de largada + 5 voltas – 29 competidores
1- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – 1h19m35s
2- Luiz Henrique Cocuzzi – 4Fun Specialized +1m01s
3- José Gabriel Marques – Squadra Oggi +2m08s
4- Edson Rezende – Caloi Henrique Avancini Racing +2m50s
5- Ulan Galinski – Caloi Henrique Avancini Team +3m03s