COPA DO MUNDO DH: LEOGANG É DE VALI HÖLL E DE LÖIC BRUNI

Correndo em casa e dominando completamente a descida de Leogang e com um tempo 7 segundos  melhor que suas adversárias, a austríaca Valentina Höll conquista a segunda vitória consecutiva da temporada. O francês   Loïc Bruni confirmou o favoritismo, e com mais uma vitória lidera a classificação geral após a terceira etapa da Copa do Mundo de Downhill. Os irmãos Douglas e Roger Vieira foram os representantes brasileiros na prova

Vali Höll, mais rápida superou as adversárias em mais de 7 segundos – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

Nas finais de domingo da terceira etapa da Copa do Mundo de Dowhill em Leogang aconteceram em um traçado totalmente diferente daquele que os pilotos encontraram nos treinos e na semifinal, uma tempestade torrencial caiu na noite de sábado para domingo, alterando completamente o terreno, obrigando a encarar a descida com novas táticas em relação aos dias anteriores.

Mais uma vez, Leogang, que neste ano além da prova de Downhill recebeu também as provas de Enduro Mountain bike, atraiu um bom público ao longo da programação com mais de 20mil pessoas acompanhando as disputas ao longo do final de semana.

A primeira a enfrentar a descida, foi a norueguesa de 22 anos Mille Johnsett, vice-campeã mundial em 2019 na categoria junior; a jovem pilota encontrou uma pista que começava a secar após as fortes chuvas que caíram à noite, mas ainda com muitos trechos traiçoeiros

A norueguesa escolheu bem as suas linhas nos primeiros trechos fazendo uma descida muito rápida, porém na última seção dentro da floresta caiu, retomou e apesar do tombo conseguiu estabelecer a marca de 3m47s9, uma referência para um piso com características diferentes aos que tiveram na semi-final.

Terceira a descer a francesa Myriam Nicole, fez a descida em busca de seu lugar no pódio, aproveitando todos os trechos mais rápidos da descida para baixar em 5,6 segundos o tempo de Johnset.

Myriam Nicole – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

Após sofrer uma queda na semifinal de sábado, Camille Balanche que havia conquistado a segunda posição na etapa anterior na Polônia, optou por não participar da final de domingo.

Nina Hoffmann, sétima a largar,  não estava em um bom dia, perdeu cerca de 10 segundos ao cair em um trecho relativamente fácil de grama, retomou, se esforçou e foi além para recuperar o ritmo, mas caiu no trecho da floresta e mesmo retomando a descida, estava fora de qualquer disputa.

A neozelandesa Jess Blewitt começou sua descida com muita velocidade, e se colocava naquele momento com as melhores primeira, segunda e terceiras intermediarias e se encaminhava para superar o tempo de Myriam Nicole, porém no último trecho bateu forte a roda dianteira de sua bicicleta em um buraco entre as arvores, perdendo a possibilidade de pódio.

Jess Blewitt – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

A britânica Tahnee Seagrave chegou a ameaçar o tempo da francesa Nicole no início da sua descida, com alguns bons trechos intermediários, porém se arriscou demais no trecho de floresta ao optar por um traçado mais radical, levou um tombo que deixou a todos preocupados, mas ela pegou sua bicicleta e completou o circuito.

Quando a estadunidense Anna Newkirk começou sua descida, a francesa Nicole já tinha a certeza que tinha um lugar no pódio assegurado. Newkirk fez uma descida com muita segurança, manteve-se de pé e rodando por trechos onde outras garotas haviam perdido ritmo, e mesmo sem fazer intermediárias mais rápidas esteve sempre disputando a liderança, que se confirmou nas curvas do trecho final ao superar por 8 décimos o tempo da francesa e assumir a liderança momentânea pois ainda faltava a descida da favorita e que correria em casa: Valentina Höll.

Anna Newkirk, 2º lugar em Leogang, foi seu melhor resultado na Elite – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

A campeã mundial Valentina Höll, vencedora no ano passado e última a descer era a única que poderia negar a vitória a Newkirk. A austríaca honrou as listras da camisa arco-íris com uma primeira metade da corrida elegante e rápida. A única ciclista a superar os saltos duplos iniciais, ela se aproximou do ‘wall ride’ já com uma vantagem de 3 segundos. Nesse ponto, tudo o que ela realmente precisava fazer era completar o percurso, mas ela não se contenou em simplesmente vencer. Com saltos precisos e uma pilotagem impecável ampliaram ainda mais sua vantagem na parte final do percurso. Os torcedores austríacos vibraram quando Höll cruzou a linha para conquistar a vitória por enormes 7 segundos.

Apesar da forma dominante como garantiu a sua segunda vitória nesta temporada da Copa do Mundo, Höll comentou que a descida não foi nada simples: “Acho que ninguém esperava que Leogang fosse tão técnica. Todas as pilotas reclamaram que era muito fácil, mas cara, essa pista não é nada fácil. É tão áspera e difícil encontrar uma linha fina. Estou muito feliz em garantir isso em casa. Eu amo isso”, vibrou a vencedora e líder do torneio com 960 pontos, e com 290 pontos de vantagem para Seagrave e 313 sobre Cabirou.

BRUNI CHEGA À SEGUNDA VITÓRIA EM TRÊS ETAPAS

A prova masculina reuniu no final de semana 186 pilotos de 28 países, com 63 avançando à semifinal e apenas 32 passando para a final de domingo. Na disputa os irmãos brasileiros Douglas e Roger Ferreira não conseguiram avançar para semi-final, após ficarem na 79ª e 82ª posição, respectivamente.

Roger Vieira, após lesão que afastou das duas etapas iniciais, voltou em Leogang – foto: Sebastian Sternemann

Roger que retornou ao circuito após uma lesão, comentou que apesar das boas parciais, ainda sentiu a falta de ritmo e alguma dificuldade para encontrar o melhor ajuste da bicicleta, mas acredita que para a próxima etapa em Val di Sole, no próximo final de semana possa evoluir ainda mais.

Na final, o primeiro a descer foi Greg Williamson, o piloto britânico arrancou forte na parte mais alta do percurso, buscando adotar uma posição mais aerodinâmica em um trecho de estradão e mantendo a velocidade. Entrou com muita velocidade no trecho de floresta, atacando as raízes e a lama sem errar. Quando parecia que fazia um tempo de impressionar, sofreu um furo na roda traseira, conseguiu levar a bicicleta até à chegada em uma velocidade muito mais lenta do que o seu desempenho merecia.

Douglas Vieira – foto: Sebastian Sternemann

O campeão mundial em Glasgow’2023, o britânico Charlie Hatton, 13º a encarar a descida tinha que mostrar serviço, mas mesmo com a camisa de campeão mundial não conseguiu fazer um tempo que o colocasse em destaque.

O neozelandês Lachlan Stevens-McNab foi o decimo quinto a encarar o portão de largada, e este foi o primeiro a colocar um tempo de referência e preocupar os grandes nomes da modalidade. 

Lachlan Stevens-McNab – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

No primeiro trecho, o jovem de 20 anos já se destacou com o melhor tempo, e foi rápido ao ultrapassar obstáculos e nos saltos, andando sempre no limite para marcas 3m08s6. O tempo não era certeza de garantia de pódio ou mesmo de vitória, isso também parecia depender de quanto o percurso secaria durante a última hora de corrida, quando os mais velozes entrariam na descida.

O canadense Finn Iles, que utilizando o recurso de ‘proteção’ aos mais bem ranqueados optou por não disputar a classificatória e a semifinal devido a uma lesão na mão, indo direto para a final em uma atitude que se resguardava o físico era ousada, pois seria o seu primeiro momento de competição.

O canadense foi rápido, aproveitando todas as oportunidades para ganhar velocidade. Andou tempo acima durante a maior parte da corrida, mas ao cruzar a quarta intermediaria baixando em um segundo, e cruzou a linha superando em 0,7 segundos a marca de  Stevens-McNab.

Finn Iles, esteve perto da vitória, ficou com o 2º tempo – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

Era hora dos grandes nomes começarem a descer. Loris Vergier fez uma descida fácil, quase perfeita, mas sem a agressividade necessária para conseguir se destacar e um escorregão após a terceira intermediária, o deixaram fora da disputa.

O irlandês Ronan Dunne, vencedor da etapa anterior na Polônia optou por arriscar tudo desde a largada, e isso quase o levou a perder o controle da bicicleta no trecho de tocos e raízes ainda no primeiro trecho da descida.  Dunne se recuperou mas teve que se esforçar e pedalar para retomar a velocidade perdida, mas sem conseguir evoluir o suficiente para colocá-lo entre os melhores tempos.

Faltando apenas 4 pilotos para descer, outro jovem talento Oisin O’Callaghan , que havia feito o melhor tempo na classificatória  e o quarto tempo na semifinal no sábado, lutava para encontrar a melhor forma de abordar as curvas, mas  não conseguia baixar os tempos, só melhorou na quarta intermediária mas não foi o suficiente para superar o tempo de Finn ou de  Stevens-McNab.

Oisin O’Callaghan, aos 20 anos é uma das promessas do DH – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

Antepenúltimo a entrar na pista, Troy Brosnan não conseguiu tirar o máximo de sua descida, ficando a 3 segundos dos melhores, o que ignificava que restavam apenas dois concorrentes que poderiam tirar a vitória a Iles.

A seguir foi a vez de Luca Shaw, o companheiro de equipe de Brosnan fez um começo de descida rápido, mas um erro em uma curva que tirou vários pilotos da disputa custou caro, perdeu mais de um segundo para o canadense, e teria de se contentar naquele momento com o 6º lugar.  

Último a descer a montanha, Loïc Bruni encontrou o traçado em condições mais secas que os seus adversários, e o pentacampeão mundial aproveitou cada trecho do percurso para impor seu estilo e de forma leve fez a primeira melhor parcial, perdeu um pouco de tempo na segunda, mas no trecho mais íngreme do percurso voltou à liderança. Sem correr riscos e forçando aonde era possível chegou à quarta intermediária com mais de um segundo de vantagem sobre Iles.

Faltando apenas algumas curvas para completar o circuito, Bruni tinha a prova em suas mãos, para fazer o último salto e cruzar a linha em 3m05s5 – mais de dois segundos mais rápido do que Iles.

Löic Bruni , com duas vitórias lidera com folta a CG da Copa do Mundo – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

Achei mesmo que hoje não ia dar.  As condições mudaram muito hoje em comparação com ontem, o que era mais o meu estilo. Tentei tudo o que tinha – apostei que a pista iria secar um pouco. Fiquei feliz em começar por último. Eu forcei muito e cometi pequenos erros no topo…. Finalmente consegui forçar”, comentou Bruni.

Após três etapas e com duas vitórias e um segundo lugar,  Bruni  está  com 997 pontos, 320  à frente de Luca Shaw na classificação geral. Finn Isles é o 3º com 647 pontos. Douglas Vieira é 46º

Whoop UCI MTB World Series – Copa do Mundo de Mountain Bike Downhill – Leogang – Áustria

Elite Feminina – Descida 2.115 m – final 13 pilotos de 10 países

1- Valentina Höll 🇦🇹– YT MOB – 3m40s141 – vel. média 34.587 km/h

2- Anna Newkirk 🇺🇸– Beyond Racing +7s102

3- Myriam Nicole 🇫🇷– Commencal /Muc-Off by Riding +7s839

4- Lisa Baumann – Commenca Les Orres – Suíça  +7s946

5- Marine Cabirou 🇫🇷– Scott Downhill Factory +9s707

Elite Masculina – descida 2.115 m – final 32 pilotos de 10 países

1- Loïc Bruni 🇫🇷 – Specialized Gravity  – 3m05s523 – vel. Media 41.041 km/h

2- Finn lles 🇨🇦– Specialized Gravity +2s534

3- Lachlan Stevens-McNab* 🇳🇿– Union-Forged by Steel City Media +3s115

4- Oisin O’Callaghan* 🇮🇪-  YT Mob +3s234

5- Benoit Coulanges 🇫🇷 – Dorval AM Commencal +3s261

79 – Douglas Vieira 🇧🇷 –  ficou na fase de qualificação

82- Roger Vieira 🇧🇷- ficou na fase de qualificação

* sub23

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