COPA DO MUNDO XCO PAL ARINSAL: NEM O FRIO E NEM A CHUVA PARARAM MITTERWALLNER E FLÜCKIGER

Uma prova duríssima, considerada por muitos, a mais dura da temporada, até então. A quinta etapa da Copa do Mundo de Mountain Bike em Pal Arinsal, Andorra, foi um teste que trouxe a primeira vitória para a jovem Mona Mitterwallner e recoloca Mathias Flückieger em seu melhor estilo

largada da prova feminina de XCO – frio de 7°C e muita chuva – foto: UCI

A altitude de Val Parinsal somada à abrupta queda de temperatura para os 7ºC e a chuva, somadas as muitas poças e aos trechos enlameados transformaram a etapa de Andorra da Copa do Mundo em uma das mais difíceis de atual temporada. Um duro teste para todos os competidores, onde não apenas à técnica e a resistência foram postas à prova, era preciso também administrar todas essas variáveis para poder chegar ao final da prova.

As qualidades de Mona Mitterwallner já eram conhecidas, bicampeã mundial de Maratona (Capoliveri’2021 e Glasgow’2023), campeã mundial sub23 em Val di Sole’2021, já no ano passado esteve perto da vitória, nesta mesma localidade, porém a demonstração de resistência que apresentou neste domingo foi coroada com sua primeira vitória na Elite do mountain bike.

Pauline Ferrand-Prévot, atacou mas foi alcançada por Mitterwallner – foto: UCI

Uma etapa que começou com o ataque da italiana Martina Berta, sendo neutralizado pela campeã mundial Pauline Ferrand-Prévot que pouco depois arrancou para abrir uma vantagem de 20 segundos, rompendo com o grupo que já dava sinais de tensão com a queda da líder da copa do Mundo Puck Pieterse caindo em um trecho muito escorregadio entre raízes de árvores.

A francesa campeã mundial estava em busca de sua primeira vitória nesta temporada da Copa do Mundo e tentou impor seu ritmo, porém de trás saiu a Alessandra Keler, vencedora na sexta-feira do XCC e que avançava com força para encostar em Pauline.

Keller encostou e passou pela francesa, que acusava a altitude e o esforço pois não conseguira manter a mesma cadência de pedaladas, e não bastasse ter perdido terreno para a suíça, a austríaca Mona Mitterwallner se aproximava rapidamente.

Mitterwallner enfrentou sem problemas o circuito- foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

O terreno escorregadio exigia atenção, um vacilo de Keller em um trecho de pedras e muitas raízes custou tempo precioso; o suficiente para que a austríaca que vinha com mais força encostasse e em pouco tempo assumisse a primeira posição.

Mitterwallner mostrava que era a mais forte do dia, soube chegar com energia e sem cometer erros até o final da prova, procurou se distanciar da austríaca que insistia em tentar se manter firme na perseguição, na última volta, arrancou definitivamente para a vitória levando a vantagem para mais de 30 segundos e garantir a vitória.

A terceira posição ficou com a campeã mundial, Paulie Ferrand-Prévot que apesar do desgaste e do claro cansaço aumento o ritmo para não ser alcançada por sua compatriota Loana Lecomte.

Val Parinsal, Mona conquista sua primeira vitória na Elite foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Raiza Goulão, única representante brasileira na prova, acabou não disputando a etapa de Pal Arinsal. Na quinta-feira (24/08) ela sofreu uma queda e teve um corte profundo no joelho e precisou ir ao hospital para tomar pontos no local. Após o repouso obrigatório na sexta-feira sem disputar o XCC e muito tratamento com gelo, as dores no domingo ainda eram fortes, a ciclista em conjunto com seu treinador, médica e chefe da equipe decidiram por não comprometer a temporada, evitando qualquer risco de agravar a lesão ao largar.

Na classificação geral, mesmo terminando na sétima posição, a liderança com folga ainda é da neerlandesa Puck Pieterse, com 1266 pontos, contra os 997 de Pauline Ferrand-Prévot, 942 de Alessandra Keller e 938 de Mona Mitterwallner, se Pieterse não mudar sua programação e mantiver o mesmo desempenho, será muito difícil tira-la da primeira posição, a disputa será intensa.

Schwarzbauer mais uma vez arranca à frente do pelotão – foto: UCI

O mau tempo persistiu na prova masculina e com isso o terreno se deteriorou com trechos ainda mais escorregadios. Na largada a presença do campeão mundial Tom Pidcock além de ganhar destaque alimentava a rivalidade entre os competidores.

Mantendo o roteiro das últimas provas, mas uma vez o alemão Luca Schwarzbauer, vencedor do XCC na sexta-feira , provocou o pelotão com suas arrancadas e foi logo para a ponta do grupo, sendo seguido por Mathias Flückieger, a dupla já na primeira volta rodava à frente com uma boa vantagem, mas o suíço estava inspirado, e correndo de colete para minimizar o frio de 7°C manteve elevado o ritmo para se distanciar e tomar a frente sozinho.

Pidcock estreia sua camisa arco-íris com um 3º lugar – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Atrás o campeão mundial que largava da terceira fila, ganhava posições sinalizando que a camisa arco-íris não foi conquistada ao acaso.  Em contrapartida, Nino Schurter sofria com um furo no pneu traseiro e foi obrigado a parar na área técnica para trocar de roda, dando adeus à disputa pelas posições de destaque.

Flückiger estava usando Andorra para lavar a alma. Após uma suspensão provisória por contaminação alimentar seu caso revisado  pela Câmara Disciplinar do Esporte da Suíça que o inocentou e semanas depois de passar por uma cirurgia na mão esquerda estava dando tudo nas trilhas e abrindo uma vantagem que ia além dos 40 segundos na metade da prova, sobre Scwarzbaumer e a dupla francesa Jordan Sarrou e Thomas Grio que se juntou a ele. Um pouco mais atrás, o campeão mundial Pidcock buscava encurtar a distância e chegar nesse grupo.

Flückiger, ganhou terreno e se isolou na frente – foto: UCI

O suíço já dava sinais de cansaço, porém não se rendia e lutava para se manter à frente, sendo caçado por Thomas Griot que crescia ao final da prova, por Sarrou e por Pidcock que entrava na disputa pelo terceiro lugar.

Lucas Griot, surpreende com o 2º lugar, quando foi à caça de Flückiger – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

A última volta ganhou dramaticidade, com Flückiger perdendo terreno para Griot que aos 28 anos busca seu lugar de destaque na Copa do Mundo e que reduziu a diferença a 8 segundos . Mas Flückiger, não se entregou e usou as descidas técnicas em piso molhado, para  aumentar novamente a diferença para  23 segundos e conquistar a vitória.

Ulan Galinski teve seu melhor desempenho na Copa do Mundo com o 35º lugar – foto: Michele Mondini

O terceiro lugar foi decidido nos últimos metros, em um mano a mano entre Pidcock e Sarrou, com o campeão mundial chegando à frente.  O brasileiro Ulan Galinski terminou na 35ª posição, seu melhor resultado em uma prova de XCO da Copa do Mundo, sinal claro de sua evolução, levando-se em conta a dureza do clima e do terreno enfrentados nesta etapa.

Flückiger lavou a alma em Pal Arinsal – foto: Bartek Wolinski/Red Bul Content Pool

A classificação geral é dominada pelos suíços. Shcurter mantém a camisa de líder com 998 pontos, mas vê seu compatriota Flückiger saltar da 5ª para a 2ª posição com 969 pontos; a terceira posição é do alemão Luca Schwarzbauer com 938, com o francês Sarrou em 4º com 926. Mesmo aposentado, Avancini ainda é o melhor brasileiro, em 49º com 134 pontos, Galinski está em 63º com 73 e José Gabriel é 97º com 4 pontos.

Largada da Sud23, debaixo de chuva – foto: UCI

SUB23

A categoria Sub23 abriu a programação já debaixo de chuva e no circuito um duelo entre o estadunidense Riley Amos e o líder da Copa do Mundo, o francês Adrien Boichis. Os dois que no short-track  da quinta-feira (24/08) haviam duelado na chegada, com o Boichis levando a melhor, repetiram o confronto, mas desta vez o Amos deixou para atacar na última volta, abrir uma vantagem de 13 segundos sobre o francês e vencer.

Alex Malacarne que no short track conquistou seu primeiro pódio na Copa do Mundo, terminou a dura prova na 15ª posição. Pal Arinsal não trouxe mudanças à classificação geral. Boichis se mantém na liderança, agora com 626 pontos, seguido pelo suíço Dario Lillo com 563 e pelo canadense Carter Woods com 484. O brasileiro Alex Malacarne subiu um degrau e agora ocupa a 10ª posição com 291 pontos; Gustavo Xavier que não disputou esta etapa é o 26º com 160.

Alex Malacarne, após o 3º lugar no XCC ficou em 15º no XCO – foto: Michal Cerveny

Na prova feminina da Sub23, Samara Maxwell, vestindo a camisa arco-íris atacou desde os primeiros metros da competição, queimando energias muito antes do necessário e foi ultrapassada na segunda volta pela suíça Noëlle Buri que tomou a dianteira e iniciou uma corrida solitária para a vitória, abrindo uma vantagem  de 24 segundos, sobre sua compatriota  Ronja Blöchlinger, vencedora das cinco provas de XCC disputadas na atual temporada.  A francesa Noemi Garnier ficou com a 3ª posição e a campeã do mundo Maxwell chegou na 4ª posição a mais de 1 minuto. A brasileira Giuliana Morgen foi a 18ª.

A dinamarquesa Heby Perdersen, oitava colocada no XCO, se mantém na liderança com 685 pontos, seguida pelas suíças Ronja Blöchinger com 588 e Noëlle Buri com 496. Giugiu Morgen ocupa a 39ª colocação com 97 pontos.

A próxima etapa da Copa do Mundo de mountain bike XCC e XCO acontece entre os dias 7 e 17 de setembro em Les Portes du Soleil,  na Alta Sabóia, na França

Copa do Mundo de Mountain Bike

5ª Etapa – Pal Arinsal/Andorra – XCO – Cross Country Olímpico

Elite Feminina – 75 ciclistas de 27 países – volta de largada 2.2km + 4 voltas x circuito 4.2km = 19.00 km

1- Mona Mitterwalnner – Cannondale Factory Racing – Áustria – 1h14m09s –  vel. média 15.372 km/h

2- Alessandra Keller – Thömus Axon – Suíça +34s

3- Pauline Ferrand-Prévot – Ineos Grenadiers – França +1m28s

4- Loana Lecomte – Canyon CLLCTV – França +1m34s

5- Evie Richards – Trek Ractory Racing XC – Grã Bretanha +1m40s

64- Hercília Najara – Brasil –  -2voltas

DNS  – Raiza Goulão – Brasil – não largou

Elite Masculina – 112 ciclistas de 28 países – volta de largada 2.2km + 6 voltas x circuito 4.2km = 27.40 km

1- Mathias Flückiger – Thömus Maxon – Suíça –  1h28m03s – vel. média 18.670 km/h

2- Thomas Griot – Canyon CLLCTV – França +23s

3- Thomas Pidcock – Ineos Grenadiers – Grã Bretanha +44s

4- Jordan Sarrou – Team BMC – França +54s

5- Luca Schwarzbauer – Canyon CLLCTV – Alemanha +1m17s

35 – Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil +7m06s

39- José Gabriel Marques – Brasil  -1 volta

Sub23 Masculina – 94 ciclistas de 27 países – volta de largada 2.2km + 4 voltas x circuito 4.2km = 19.00 km

1- Riley Amos – Trek Factory Racing XC – Estados Unidos – 1h01m14s – vel. média 18.617 km/h

2- Adrien Boichis – Trinity Racing MTB – França +13s

3- Luca Martin – Orbea Factory Team  -França +31s

4- Dario Lillo – Scott Davos MTB Project – Suíça +1m01s

5- Bjonr Riley – Trek Future Racing – Estados Unidos +1m14s

15- Alex Malacarne – Trinity Racing MTB – Brasil + 4m04s

Sub23 Feminina – 94 ciclistas de 27 países – volta de largada 2.2km + 3 voltas x circuito 4.2km = 14.80 km

1- Noële Buri – Bixs Performance Race Team – Suíça – vel. Media 14.815 km/h

2- Ronja Blöchlinger – Liv Factory Racing – Suíça +24s

3- Noemie Garnier – Scott Creuse Oxygene Gueret – França +58s

4- Samara Maxwell – Nova Zelândia +1m18s

5- Adelá Holubová – Rouvi Specialized – Tchéquia +1m18s

18- Giuliana Morgen – Sense Factory Racing – Brasil +6m01s

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.