FUTURO DO PENTATLO MODERNO PODE ESTAR NA BICICLETA

Pressão organizações de defesa dos animais levam a retirada da prova de saltos das disputas do Pentatlo Moderno. Entidade que controla a modalidade estuda como substituir os animais e imprensa internacional revela que alguma modalidade com bicicleta poderá entrar no lugar

Mudanças no Pentatlo Moderno devem provocar uma grande transformação na modalidade inspirada nos militares do século 19 – saem os cavalos entre o esforço humano para empurrar as pedivelas – Fotos: Divulgação

Uma mudança vai acontecer após a Olimpíada de Paris’2024 e poderá colocar a bicicleta mais uma vez em destaque. Após protestos de associações de direitos dos animais questionando o tratamento dado a alguns dos cavalos utilizados durante os Jogos de Tóquio , colocou essa modalidade esportiva na corda bamba, e a União Internacional de Pentatlo Moderno se articula para se manter no movimento olímpico e a bicicleta poderá ser a ferramenta de sua manutenção.

O Pentatlo Moderno entrou no programa olímpico nos jogos de Estocolmo’1912 envolvendo cinco modalidades diferentes, o hipismo, esgrima, natação tiro esportivo e corrida, estes dois que sofreram  uma alteração e passaram a ser uma modalidade combinada – o laser rum com uma corrida de 3.200 m, com os atletas fazendo quatro séries de tiros a laser em meio ao percurso.

PENTATLO MODERNO PODERÁ TER MODALIDADE COM BICICELTA

NO LUGAR DA PROVA DE SALTO COM CAVALOS

A troca dos cavalos por alguma outra disciplina é questão de sobrevivência para a disciplina, o britânico The Guardian foi a primeiro a apontar essa possível mudança e isso se confirmou no último dia 04/11 quando uma reunião da União Internacional de Pentatlo Moderno trouxe a público que a entidade está procurando uma modalidade que ‘incremente a popularidade e a credibilidade deste espore, preservando o seu status e o nível físico e mental lançado por Pierre de Coubertain’.

Quem criou o Pentatlo Moderno foi o próprio Barão Pierre de Coubertain, pai do olimpismo, que resolveu introduzir a disciplina nos Jogos de Estocolmo’1912 para homenagear aos soldados do século 19 que para sobreviver deveriam saber nadar, ser rápidos na corrida a pé, ter domínio da espada, ser bons de pontaria com a pistola e lutar a cavalo, em muitos casos montados pela primeira vez, sinais de tempos em que o heroísmo e as guerras se entrelaçavam com esportes.  

O cavalo Sant Boy e a atleta alemã Annika Schleu durante a prova de saltos do Pentatlo dos Jogos de Tóquio – foto: Tatyana Zenkovich/EPA

 A evolução e mecanização dos exércitos, de onde se originavam a maior parte dos praticantes que são militares tem reduzido o número de praticantes colocando a modalidade em uma crise que se arrasta já faz muito tempo. Trata-se de uma modalidade que por causa dos cavalos torna-se proibitiva. No pentatlo moderno, na prova de hipismo, os atletas têm vinte minutos para se acostumar com um cavalo nunca usado por eles, o cavalo nas olimpíadas é fornecido pelos organizadores. O golpe derradeiro para a modalidade e a utilização dos cavalos veio nos Jogos de Tóquio quando a alemã Annika Schleu não conseguia controlar o cavalo Saint Boy que se recusava a seguir os seus comandos, o pior aconteceu quando a treinadora da equipe alemã, Kim Rainser, deu um soco no cavalo, como consequência ela foi expulsa dos Jogos.

PROBLEMAS COM OS ANIMAIS EM TÓQUIO GERARAM PROTESTOS E PROVOCARAM A MUDANÇA

Porém outros 6 cavalos se recusaram a saltar ou mostraram problemas durante os eventos do pentatlo moderno, o que gerou inúmeras críticas de organizações de defesa dos animais.  A PETA – People for the Ethical Treatment of Animals – distribuiu um texto onde apontava:   “Ganhar uma medalha não é desculpa para machucar animais. Os esportes evoluem com o tempo e já passou da hora dos Jogos terminarem com a exploração dos cavalos”.

Segundo o Corriere della Sera para escapar da provável exclusão já em Paris 2024  – e para com com isso os dirigentes manterem suas cadeiras no COI e garantir  financiamento – os membros da União Internacional de Pentatlo Moderno tentam salvar a modalidade a qualquer custo.

O COI propõe manter a competição de obstáculos até Paris’2024 e retirá-la a partir de Los Angeles’2028. A prova de hipismo tem  custos elevados pela necessidade de seleção obtenção de animais por parte da organização, a preparação e desenvolvimento da pista. Para substitui-la e manter o formato com 5 modalidades uma das propostas envolveria a bicicleta, seja numa prova de mountain bike ou mesmo uma prova de ciclismo de estrada.

O formato de arena para pentatlo moderno proposto para as Olimpíadas de Paris’2024 envolve uma nova ordem de eventos – equitação, esgrima, natação e corrida a laser – tudo no mesmo espaço para uma prova de 90 minutos, mas para Los Angeles’2028 o hipismo não fará parte do programa, vários meios de comunicação apontam que no lugar entrará uma modalidade com bicicleta – ilustração: © UIPM

Segundo aponta o jornalista italiano Marco Bonarrigo, do Corriere dela Sera, que colocou a bicicleta no páreo das propostas, ainda não se sabe ao certo a distância, percurso e nem a bicicleta a ser usada. Porém, como o formato do Pentatlo Moderno a partir de 2028 terá de ser disputado em 90 minutos em um estádio ou recinto específico, ao contrário do que acontece atualmente com 2 dias de disputa. A mudança é clara e está dirigida ao público da tevê, é preciso ter uma modalidade que também seja atrativa para o pessoal da poltrona que tem seus dedos rápidos no controle em busca de emoção.

UIPM PROVOCARÁ MUDANÇAS PARA NÃO PERDER ESPAÇO NO COI

Para Bonarrigo, a ideia de uma prova de ciclismo parece mais uma provocação que uma proposta consistente.  A UIPM em seu site aponta que está trabalhando em uma proposta que “premie os atletas mais completos, atraia as gerações mais jovens, garanta equidade de género, seja mais acessível economicamente sem complicações de transporte e logística e que também possa ser disputada em um ambiente urbano” e negou para vários veículos de comunicação que seja uma atividade ligada à bicicleta a substituir a prova de hipismo.

Mas o jogo da política desportiva se faz mesmo é nos bastidores e para assegurar a manutenção da modalidade nas Olimpíadas, mais do colocar bicicletas na disputa, a UIPM nomeou como seu vice-presidente Juan Antonio Samaranch Jr,  ninguém menos que o filho do todo-poderoso e falecido presidente do COI, um homem altamente credenciado e de poder dentro do movimento olímpico, em uma aposta de que será ele a garantir a manutenção da modalidade dentro do programa.  

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