GUERRA COMERCIAL: EUA TAXAM E-BIKES DA CHINA EM 25%

A bomba já era esperada, mas não se sabia ao certo qual o seu poder de fogo e  as reações que poderá provocar no mercado estadunidense (e depois no cenário internacional), mas as e-bikes (bicicletas elétricas, pedalada assistida) foram alvo da guerra comercial travada pelo presidente Donald Trump contra os chineses

Guerra Comercial entre os Estados Unidos e a China atinge em cheio fabricantes de bicicletas do gigante asiático

Entre os muitos produtos que terão de pagar um imposto de importação adicional para ingressar nos Estados Unidos  a partir do próximo dia 23 de agosto, as bicicletas elétricas  também estão nessa lista e receberão uma tarifa de 25% uma taxação sem igual para os veículos de duas rodas naquele país. Essa guerra comercial  para muitos analistas  será repassada ao consumidor e a indústria já se articula em busca de soluções.

Esse  movimento não é exclusivamente dos Estados Unidos, a Comissão Europeia que cuida de acordos comerciais internacionais, no último mês de julho impôs a cobrança de taxas antidumping provisórias a e-bikes produzidas na China e destinadas ao Mercado Comum Europeu. E para isso analisou o movimento comercial  entre os meses de outubro de 2016 e setembro de 2017.

Para os europeus a imposição de direitos antidumping será feita por empresa – ou seja levando-se em conta cada caso, com taxas variando entre 77,6% para os modelos produzidos pela Bobo Vehicle Group  a 27,5% para os modelos feitos pela Giant Electric Vehicle;  a taxação média para a grande maioria dos fabricantes chineses que exportam para a Europa será de 37%. A indústria chinesa sofre um importante golpe em duas frentes isso sem citar a queda que vem atravessando o mercado local.

Fabrica de e-bikes em Zhejiang na China – foto: Lucas Schifres/Getty Images

A primeira lista de produtos a sofrerem com a taxação foi apresentada no mês de junho pelo câmara de comercio dos Estados Unidos e esta passou por um período de sugestões e audiências publicas. A indústria de bicicletas e os consumidores enviaram centenas de comentários contrários  à tarifa e dois membros do setor falaram em audiência pública em Washington no mês passado. A indústria argumentou que as tarifas prejudicariam fornecedores, varejistas e consumidores além de terem uma repercussão direta no crescimento das vendas de um produto ambientalmente benéfico e que essa taxação seria irrelevante na proteção  dos fabricantes locais  pois estes são praticamente inexistentes. As e-bikes chinesas anteriormente não pagavam imposto, enquanto os motores para e-bike tinham uma tarifa de 4%.

Em oposição ao discurso do mercado e do público o  USTR  – USTrade Representative/Representação Comercial dos Estados Unidos – disse que sua  investigação “considerou que os atos, políticas e práticas da China relacionados à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação não são razoáveis, discriminatórios e oneram o comércio estadunidense”.

Entidades como a PeopleForBikes e associações comerciais além da a Associação de Fornecedores de Produtos para Bicicletas enviarão uma solicitações para a isenção da tarifa.   Os Estados Unidos importam da China mais de 10 milhões de bicicletas  por ano.

Ainda nesse pacote de tarifação está incluído um valor de  de 1 bilhão de dólares em produtos relacionados a bicicletas –  a principio a taxa proposta era de 10%, mas o USTR, a pedido do presidente Trump, aumentou para 25% . Nesse pacote estão incluídas bicicletas completas e peças, entre elas cabos para câmbios e feios, pneus, fitas anti-furo, câmaras de ar, quadros, tudos de aço, garfos, aros, raios, cubos de alumínio, cubos com marchas, roda-livre, freios, selins pedais, pedivelas.

Em meio a toda essa movimentação é preciso entender qual será o reflexo no mercado internacional. Marcas que trabalham no mercado estadunidense terão de sair em  busca fornecedores fora da China (melhor do que repassar para o consumidor uma pancada de 25% no preço)  – para a produção de quadros de  bicicletas e peças,   algumas opções poderão estar na Europa – mais precisamente no Leste Europeu, também nas novas fábricas montadas em Portugal , na Turquia – mas não se sabe ao certo quantas delas tem capacidade ociosa para atender um mercado de 10 milhões de bicicletas/ano, afinal trabalham para atender o mercado europeu. Será que nesse movimento não poderia se abrir uma nova frente para a indústria brasileira – que tem no Polo Industrial de Manaus importantes fábricas?  Mas, nesse jogo de xadrez há outro fator a ser levado em conta: e as peças para montar uma bicicleta destinada ao mercado dos Estados Unidos– teriam de ter que origem?   A solução dessa equação não é fácil de ser resolvida, e é apenas mais um movimento a ser decifrado na guerra comercial que Trump está impondo aos chineses e que acaba repercutindo no mundo todo.

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