IL LOMBARDIA – O ATAQUE DO TUBARÃO SOLITÁRIO

Primeira clássica monumento para Nibali que resgata para o seu país o pódio após 8 anos de jejum na Lombardia. Uma Astana “alla italiana” controlando o pelotão e Nibali como um tubarão ao ataque em uma alucinante descida no Civiglio foram a chave para encerrar o calendário World Tour com uma impressionante vitória.

Nibali ataca no Civiglio, Pinot responde e se mantém à roda. Foto: Ansa

Nibali ataca no Civiglio, Pinot responde e se mantém à roda. Foto: Ansa

 A tão esperada vitória em uma clássica, finalmente chegou para Vincenzo Nibali. Ele já havia sinalizado a sua força ao longo do Trittico Lombardo, e sua equipe montada com uma base toda italiana mostrava-se afiada nas provas que antecederam a clássica das folhas mortas. A questão era saber se a sorte também estaria ao seu lado. Neste domingo (04/10) tudo esteve ao seu favor. E na chegada, até uma inesperada bandeirinha italiana que voava colou-se ao seu uniforme para corrigir o erro de quem colocou “aquela” estranha bandeira em seu uniforme de campeão italiano.

Nibali mostrou sua força ao conduzir a subida ao Civiglio, aonde seus ataques foram neutralizados por Valverde e Pinot. Porém o Tubarão de Messina fez a diferença na descida, a 17 km da chegada, um ataque de tubarão solitário, com força, intensidade e arriscando tudo. Ao final da descida abria-se uma margem de 25 segundos, com o seu companheiro Diego Rosa controlando o pelotão. Na passagem por Como a vantagem chegou a 40 segundos, depois a colina di San Fermo e a chegada solo foram a consagração para o ciclista que enfrentou uma temporada difícil, aonde foi questionado por seu desempenho optando por fechar o ano em boa forma e com ótimos resultados.

Em um dia característico de outono, com chuva no início da prova e temperaturas subindo ao longo do dia, a fuga que agitou Il Lombardia começou no km 13, com a dupla Schumacher /CCC e Polanc/Lampre;  a cada quilômetro que rodavam foram se incorporando mais alguns ciclistas, o primeiro grupo foi de sete ciclistas Barbin /Bardiani , Coppel/IAM, De Negri/Nippo-Fantini, Busato /Southeast, Geschke/Giant-Alpecin, Van Winden/Lotto-JumboNL e Canola/UnitedHealthcare. No Km 24 a fuga ganhou mais dois ciclistas, Benedetti/Bora e Gatto/Androni, ao todo são onze rodando à frente com uma vantagem de 21 segundos.

A Astana procurou manter o controle do pelotão. Foto: Tim de Waele / TDWSport.com

Na passagem pela igrejinha de Madonna del Ghisallo a Astana comanda o pelotão. Foto: Tim de Waele/TDWSport.com

O pelotão deixa a fuga seguir e com 49 km de prova a vantagem da fuga era de 8m06s. Na primeira colina do dia , o Colle Gallo, a disputa do prêmio de passagem denominado a Don Aldo Nicoli fica para o ciclista da Bora, Benedetti.  Atrás o pelotão era controlado, ora pela Astana, ora pela Movistar.

As coisas começariam a ficar sérias quando o grupo começaria a chegar perto da subida à Madonna del Ghisallo, quando do pelotão saltam ao ataque Slagter/Cannondale-Garmin, Wellens /Lotto-Soudal), Izaguirre/Movistar, Gesink e Roosen /LottoNLJumbo e Nizzolo/Trek,  e praticamente uma Etixx completa com Kwitatkowski, Trentin, Stybar, Verona e Wisniowski.

Na subida do Ghisallo começam as escaramuças no grupo que está em fuga com Benedetti e Canola. No km 186 Barbin, Benedetti, Busato, Van Winden e Canola rodam à frente, com um minuto de atraso passam Slagter, Kwiatkowski, Verona, Polanc, Wellens, Izaguirre, Geschke e Gesink, a 1m30 Schumacher e De Negri; e a 2’ 12 o pelotão sob o comando da Astana.

Na dura subida a Colma di Sormano a fuga se mantém com Benedetti e Canola, porém ao final da descida passam Kwiatkowski e Wellens à frente, atrás um pelotão todo fracionado com Vincenzo Nibali ao comando, agrupa Slagter, Landa, Meana, Rosa, Benedetti, Pinot, Valverde, Chaves, Rubio, Barguil, Moreno Fernandez, Gesink, Nieve, Ituralde e Poelsme Brambilla, Verona, Gallopin, Yates, Busato, Bennett, Henao Montoya, Canola, Bardet e Vuillermoz.

É ao longo da subida ao Civiglio que a prova começaria a ser definida. No Km 226 o primeiro ataque de Nibali provoca a primeira seleção, resistem Rosa, Brambilla, Pinot, Valverde, Chaves Rubio, Moreno Fernandez, Henao Montoya e Nieve Ituralde.  O segundo ataque viria pouco depois, mas a resposta de Chaves Rubio é rápida sendo acompanhada por Henao e Brambilla. No alto de Civiglio mais um ataque de Nibali, lhe assegura uma vantagem de 8 segundos sobre o grupo, mas é na descida que o Squalo di Messina faz a diferença, e apesar de toda a técnica e concentração necessárias, consegue recuperar a  força para passar depois sozinho pela colina de San Fermo della Battaglia até a chegada em Como. Atrás seu companheiro de equipe, Diego Rosa procurava neutralizar qualquer ataque em meio a uma guerra  pelas melhores colocações entre Moreno Fernandez, Pinot, Valverde e Nieve Ituralde.

 

Na chegada uma bandeirinha de papel gruda na camisa do campeão. A incrível coincidência para corrigir um erro dos designers foto: Tim de Waele / TDWSport.com

Na chegada uma bandeirinha de papel gruda na camisa do campeão. A incrível coincidência para corrigir um erro de quem desenhou o uniforme da Astana  – foto: Tim de Waele/TDWSport.com

Aos microfones da Rai Nibali  dedicou a vitória à sua esposa Rachele: “ Hoje é um dia especial, é o aniversário da minha esposa, esta vitória é para ela”, ainda falou como foi construída a vitória:  “Sabíamos que a subida do Civiglio era um ponto chave. Tentei varias vezes. Eu tinha que surpreender e consegui. É claro que nem sempre é fácil ser o primeiro em uma clássica é importante também ter sorte. Uma vitória italiana e fantástica. Neste ano fiz uma preparação para o final de temporada. Tomamos a responsabilidade da corrida desde o inicio. E logo deu para perceber que Diego Rosa estava com umas pernas incríveis, a dizemos para que ele se mantivesse tranquilo para não levar o Valverde para a chegada pois aí ele bate a todos. Foi uma vitória de cabeça, de tática e fizemos um ótimo controle da prova”.

O segundo colocado, Dani Moreno comentou que foi traído pela memoria: “O Nibali estava à frente. Mas eu não me lembrava como era a ultima subida, talvez isto tenha atrapalhado um pouco”. Por outro lado o terceiro colocado Thibaut Pinot, mostrou-se otimista com seu desempenho e com a terceira posição no pódio ao declarar: “Me deparei com o mais forte, não há nada a dizer. No  Civiglio, eu tentei a minha sorte porque disse a mim mesmo: se olha para trás, por que não? (ndr.: quando Nibali olhou procurando seus adversários) Eu, então, saltei na roda do Nibali, Moreno fez o esforço para voltar, eu não tinha mais como atacar, eu já estava feliz por estar ali. Ninguém esperava que Nibali atacasse no início da descida. Eu sabia que poderia me defender no Lombardia, é quase como uma etapa de montanha: então, se eu estou em provas por etapas, eu não vejo por que eu não poderia estar aqui. Eu sabia que alguma vez eu conseguiria chegar, isso aconteceu mais cedo do que o esperado, mas é necessário que haja um belo percusro como este. É uma confirmação!”

No link o ataque emocionante de Nibali e na chegada o inusitado momento da bandeirinha que cola ao seu uniforme:

https://youtu.be/PVDGlcYm0dg

109º Il Lombardia – Bergamo>Como 245 km

198 ciclistas – 99 abandonos

1- Vincenzo Nibali/Itália – Astana – 6h16m28s – 39.047 km/h

2- Daniel Moreno/Espanha – Katusha – a 21s

3- Thibaut Pinot/França – FdJ – a 32s

4- Alejandro Valverde/Espanha – Movistar – a 46s

5- Diego Rosa/Itália – Astana – a 46s

6- Mikel Nieve/Espanha – Sky – a  46s

7- Tony Gallopin/França – Lotto Soudal – a 56s

8- Johan Chaves/Colômbia – OricaGreenEdge – a 56s

9- Sergio Henao/Colômbia – Sky – a 56s

10- Gianluca Branbilla/Itália – EtixxQuickStep – a 1m10s

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