MANAUS: PRODUÇÃO DE BICICLETAS PERDEU O FÔLEGO EM 2022

Dados apresentados pela Abraciclo em coletiva de imprensa virtual, nesta terça-feira (17/01), apontam para uma queda de 20,1% na produção de bicicletas no Polo Industrial de Manaus em relação a 2021, e para este ano as projeções apontam para uma nova redução nos volumes produzidos. Fim da bolha da compra de bicicletas motivada pela Covid; queda de renda de uma grande parcela de consumidores, inflação desestimulando o comprador e impactos da falta de insumos levam a puxada de freio

Linha de produção de indústria de Manaus – foto: Abraciclo

Paira no ar uma sensação de que quem precisava comprar bicicleta, comprou! O momento agora é de ajustes, tanto para o consumidor que quer comprar uma bicicleta, como para a indústria que viveu um bom momento em 2021(mesmo sem repetir o excelente 2019 com 919,9 mil unidades).

A produção de bicicletas das fabricantes instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus) registrou queda de 20,1% no ano passado. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, 599.044 unidades saíram das linhas de montagem. Em 2021, foram produzidas 749.320 bicicletas.

MANAUS: APONTA PARA OS MODELOS DE MÉDIA E ALTA GAMA

Os fabricantes localizados em Manaus apontam a um novo público alvo: o que busca bicicletas de linha média e alta. “Além do desabastecimento de peças e componentes, tivemos que ajustar o planejamento das unidades fabris para nos adequar à nova demanda do mercado, que pediu por modelos de médio e alto valor agregado”, explica Cyro Gazola, vice presidente do segmento de bicicletas da entidade, ao apontar o extenuante trabalho, dentro das empresas nas áreas de logística, compras e produção enfrentaram o seu ano mais desafiador.

Nesse movimento de mercado, a indústria de Manaus se descola das bicicletas populares, pois segundo o dirigente, a demanda se reduziu após o boom da Covid. Porém, há um outro detalhe importante que precisa ser analisado, as grandes fábricas instaladas no Norte do país, com esse posicionamento não mais disputarão posições em um mercado concorrido aonde pequenos, médios (e também grandes) fabricantes de quadros e importadores que abastecem também montadores e lojistas duelam por vendas centavo a centavo.

A exemplo do que acontece em outros mercados – Europa como principal referência – as e-bikes ou bicicletas a pedalada assistida foram as que registraram uma alta no volume de produção. No ano passado foram produzidas 10.847 unidades, aumento de 5,4% na comparação com 2021 (10.294 bicicletas). Apesar de representar 1,8% do volume total de bicicletas produzidas no Polo de Manaus, o modelo está cada vez mais presente nas grandes cidades. “As pessoas que optam pelo pedal buscam um estilo de vida mais saudável e em sintonia com o meio ambiente. A bicicleta elétrica facilita isso, oferecendo agilidade nos deslocamentos e comodidade para vencer os obstáculos do percurso”, destaca Gazola

A exemplo do que acontece em outros mercados – Europa como principal referência – as e-bikes ou bicicletas a pedalada assistida foram as que registraram uma alta no volume de produção. No ano passado foram produzidas 10.847 unidades, aumento de 5,4% na comparação com 2021 (10.294 bicicletas). Apesar de representar 1,8% do volume total de bicicletas produzidas no Polo de Manaus, o modelo está cada vez mais presente nas grandes cidades. “As pessoas que optam pelo pedal buscam um estilo de vida mais saudável e em sintonia com o meio ambiente. A bicicleta elétrica facilita isso, oferecendo agilidade nos deslocamentos e comodidade para vencer os obstáculos do percurso”, destaca Gazola

Surpreende que o maior tombo na produção (em proporção) esteve nos modelos de estrada, com 32,4% em comparação a 2021. Justamente as bicicletas para ciclismo de estrada que vem ganhando adeptos e que também vem atraindo organizadores de eventos para amadores, em um claro sinal de que às vezes o que se vê em mídias sociais e no mundo esportivo não se reflete nitidamente nos mercados. Mas a  queda dos modelos de mountain bike impressiona: foram 91.594 bicicletas a menos em bikeshops/bicicletarias e magazines.

2023 PRODUÇÃO AINDA EM QUEDA

As projeções para este ano que começa não são das mais animadoras para a indústria de Manaus, a estimativa é que sejam produzidas 570.000 bicicletas, uma retração de 4,8% na comparação com o ano passado (599.044 bicicletas) e uma redução ainda maior em relação a 2021.

 “Ainda teremos muitos desafios pela frente, por isso nossa perspectiva é bem conservadora”, diz Gazola. O executivo reforça que um dos principais focos será a readequação do abastecimento das linhas de produção dos modelos de médio e alto valor agregado para atender ao novo perfil do consumidor que as fabricas de Manaus tem como objetivo.

Porém, apesar da estimativa de uma menor produção, a previsão é de que o faturamento líquido das empresas instaladas no PIM aumente, saindo de 0,96 bilhão em 2022 para 1,0 bilhão em 2023.  Esses números tem relação direta com o que os operadores do setor vivenciaram nos últimos dois anos com a escalada nos preços do fretes internacionais, a alta dos componentes e das matérias primas e que obrigou a ajustes de margens entre fabricantes e lojistas – viabilizando o mercado.

Com 2022 marcado por uma retração no mercado, há muita mercadoria nos estoques e isso já se reflete com algumas marcas colocando modelos a preços promocionais, hora do consumidor com dinheiro no bolso ficar atendo às oportunidades que podem surgir.  Situação que é destacada por Gazola: “Tanto a indústria como os lojistas precisam melhorar a gestão e o fluxo do caixa”.

Mais uma vez tomando por referência o mercado Europeu e o que os governos andam fazendo por lá para incentivar o uso da bicicleta – em alguns países especialmente as e-bikes –  o dirigente da Abraciclo acredita que esses modelos manterão a tendência de crescimento. “O custo para o consumidor ainda é alto. Seria interessante criar incentivos para a aquisição do produto como já acontece em alguns países da Europa. Com isso, teríamos ganho de escala e a tendência de preços mais competitivos”, completa.

Resta saber se teremos incentivos ou se haverá uma política pública do novo governo para o uso e a compra da bicicleta, vale destacar que em uma audiência pública em 2017, o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad declarou: “Tributar a bicicleta é um contrassenso. Desestimular aquilo que te faz poupar recursos é um contrassenso. Deveria ter uma cláusula na Constituição Federal”.

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