MUNDIAL MTB XCC – A CAMISA ARCO ÍRIS PARA SINA FREI E BLEVINS, AVANCINI LEVA A PRATA

Com disputas abertas até os últimos metros e com muita competitividade a estreia do XCC – short track ou circuito curto – no Mundial de MTB em Val di Sole foi um sucesso. A suíça Sina Frei e o estadunidense Christopher Blevins são os primeiros a vestir a camisa arco-íris de campeões mundiais da modalidade e Henrique Avancini reencontra seu melhor estilo e conquista a medalha de prata no sprint

Em cima da linha. Sina Frei conquista a vitória na primeira edição do Campeonato Mundial de XCC foto: UCI

A estreia do XCC – a prova de mountain bike em circuito curto, no programa dos Campeonatos Mundiais de Mountain Bike que estão sendo disputados pela terceira vez em Val de Sole (2008/2017/2021), na região do Trentino, na Itália, não poupou os fãs da modalidade de fortes emoções tanto na prova feminina quando na masculina.

COMPETIÇÃO OBRIGOU A DISPUTA DE PROVA CLASIFICATÓRIA

Na verdade as disputas,  desta modalidade que exige muita explosão dos competidores para os homens começaram na quarta-feira (24/8) com a realização de duas baterias classificatórias que selecionariam os 20 melhores de cada uma para a final que foi disputada na sexta-feira (26/8), e dadas as características da prova que leva os competidores praticamente à exaustão e ainda restando a prova principal, o cross country a ser disputado no sábado, é fácil entender a ausência de alguns dos principais nomes do mountain bike.

Evie Richards à frente de Pauline Ferrand-Prevot – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

As mulheres foram as primeiras a entrar no circuito de 950 metros e logo de cara, tendo a torcida a seu favor, a italiana Eva Lechner arrancou incendiando a prova de XCCdesde o primeiro momento.

A ação da italiana provocou uma reação que formou um grupo de cinco competidoras onde estavam a britânica Evie Richards, as suíças Sina Frei, Jolanda Neff e Linda Indergand , a francesa Pauline Ferrand-Prèvot e a australiana Rebecca McConnell, entre elas estaria a disputa pelo pódio.

SUÍÇA COLOCOU 3 CICLISTAS ENTRE AS 5 MELHORES

A quarta e a quinta voltas foram lideradas por Evie Richards, mas havia tensão no grupo com sucessivas trocas de posições. Foi o momento em que a Pauline Ferrand-Prevot, após o seu frustrante 10º lugar Jogos Olímpicos de Tóquio, resolveu testar suas adversárias e atacou, a francesa chegou a abrir uma pequena vantagem e quando parecia que poderia se descolar das adversárias seu pé escapou do pedal e foi alcançada, formando-se novamente o grupinho de seis competidoras.

Sina Frei – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Ao abrir a última volta, mais uma tentativa de Ferrand-Prevot ao atacar a pequena subida do circuito, porém quando começavam a descer,  a suíça Sina Frei atacou por fora assumindo o comando da prova.

Evie Richards foi em busca da roda da suíça, que vinha de conquistar a medalha de prata em Tóquio, tentou forçar o ritmo, mas não conseguiu passar. Entrando na reta aparecem emboladas Sina Frei, Richards , Ferrand-Prevot e Linda Indergand. Frei é a mais forte do grupo e arremata sua chegada com um sprint de velocista, para garantir a medalha de ouro no XCC e superar a britânica Richards, medalha de prata,  e a francesa Pauline Ferrand-Prevot que ficou com a medalha de bronze.

Largada nervosa com os mountain bikers buscando a ponta do grupo – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A prova masculina de XCC para a torcida brasileira trazia grandes expectativas com Henrique Avancini que após enigmáticas postagens no Instagram que apontavam para a necessidade de um reencontro e um reequilíbrio do ciclista com sua boa fase do passado.

AVANCINI DEU COMBATE E BUSCOU A PONTA DO GRUPO

Já na largada Avancini deu sinais de que estava conectado na corrida, e passou a disputar a ponta em um grupo que estavam o sul-africano Alan Hatherly, o tcheco Ondrej Cink, o alemão Maximilian Brand, o estadunidense Christopher Blevins e os neozelandeses Anton Cooper e Samuel Gaze que voltava a se mostrar combativo após um apagão de quase duas temporadas.

Começo da prova, Avancini ao ataque sendo acompanhado pelo sul-africano Haterly – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Nessas primeiras rusgas entre o grupo, quem apareceu disputando espaço nesse grupo ponteiro foi o brasileiro Luiz Henrique Cocuzzi que se classificou com a 9ª colocação e  que após uma boa largada chegou a rodar duas voltas no grupo da frente entre a 5 a a 7ª posição, porém na terceira das 8 voltas,  Cocuzzi abandonou a competição e mais tarde em suas mídias sociais comentou a tática que o levou à saída da prova: “Típica prova rápida, intensa e cheia de obstáculos pelo caminho, acabei usando uma estratégia ousada em busca de uma medalha, mas com total consciência que se isso desse errado, pagaria um preço alto. E foi isso que aconteceu quando acelerei em um trecho que não era o ideal para isso, mas não consegui recuperar o ritmo a ponto de brigar ali em cima do pelotão“.

O sinal de que Avancini havia se reencontrado aconteceu na terceira volta quando o brasileiro resolveu aumentar o ritmo, sendo acompanhado pro Haterly e Cooper formando um grupo de não europeus à frente da competição. Na volta seguinte os três foram alcançados com o grupo se reagrupando.

Avancini acompanha a arrancada de Ondrej Cink foto: Val di Sole Bikeland – Daniele Molineris /Giacomo Podetti

Na quinta volta foi a vez do tcheco Ondrej Cink atacar e abrir uma pequena vantagem, o único a responder com força conseguir acompanhar a ação foi Avancini.  Cink liderou mais uma volta mas tinha em suas costas grupo formado por Avancini, Blevins que apesar de nunca ter atacado estava sempre na roda do grupo de líderes, o alemão Brandl e o sul-africano Hatherly e acompanhados à curta distância pelo letão Martins Blums.  Esses 6 rodavam com uma vantagem de 10 segundo sobre o segundo grupo liderado pelo suíço Filippo Colombo.

Na sétima volta, o alemão Maximilian Brandl foi para o tudo ou nada, surpreendendo o grupo e abrindo aos poucos uma margem de 7 segundos.  Mas atrás a temperatura aumentou e a caçada à Brandl estava montada por Avancini que foi acompanhado por Blevins.

Blevins comanda o segundo grupo em busca dos líderes – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Ao abrir a última volta Blevins entra efetivamente na luta, o estadunidense esteve durante toda a competição no grupo principal, mas em momento algum havia atacado, no momento certo atacou o grupo por fora, atrasou a frenagem e chegou a última curva na ponta do grupo o que lhe deu uma pequena vantagem para cruzar à frente de Avancini, Brandl e Cink que se batiam no sprint pelo pódio.

O brasileiro conseguiu conter o ataque do alemão e assegurou a medalha de prata inédita na modalidade. Após a premiação, Avancini declarou:   “Significa muito pra mim. Não tem sido uma temporada fácil por muitas razões. Voltar em um pódio do campeonato mundial é importante. Coloquei muita energia para isso”.

Blevins arrancou no momento certo, deixando para trás a Avancini e Brandl – foto: UCI

CAMPEONATO MUNDIAL DE MTB – VAL DI SOLE XCC short track – circuito curto

Elite Feminina – – circuito curto 7 voltas  – Distância: 6.65 km

1- Sina Frei – Suíça – 20m11s – Vel. Media  19.769 Km/h

2- Evie Richards – Grã Bretanha  m.t.

3- Pauline Ferrand-Prevot – França +1s

4- Linda Indergand – Suíça  +2s

5- Jolanda Neff – Suíça +11s

32- Letícia Cândido – Brasil -3 voltas

Elite Masculina Circuito curto 8 voltas Distância: 7.60 km

1- Christopher Blevins – Estados Unidos 19m30s

2- Henrique Avancini – Brasil +2s

3- Maximilian Brandl – Alemanha +2s

4- Ondrej Cink – República Tcheca +3s

5- Alan Haterly – África do Sul +5s

33- Ulan Galinski – Brasil +1m41s

    Luiz Henrique Coccuzzi – DNF – abandonou na 4ª volta

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