PERCURSOS AFETIVOS LEVA O SEU PUBLICO A PEDALAR PELAS RUAS DE CURITIBA

Cadu Cinelli criou uma experiência artística diferente que se utiliza da perspectiva do ciclista para que as pessoas observem e sintam a cidade de Curitiba. Assim é Percursos Afetivos,  uma performance a pedal que acontece até novembro, todo o último final de semana do mês, e para participar basta chegar pedalando…

 

Cadu Cinelli suas narrativas são construídas a partir de pesquisas sobre os lugares percorridos –  foto: Renato Mangolin

Percursos Afetivos’ do artista carioca Cadu Cinelli (ator, artista têxtil, contador de histórias e diretor teatral, integrante do grupo ‘Os Tapetes Contadores de História/RJ’) é uma performance provocativa, a começar pela proposta de que para participar é preciso chegar com uma bicicleta e pedalar, depois porque as pessoas precisam observar e escutar melhor a cidade, tudo isso sob a perspectiva de um ciclista.
O trabalho itinerante de Percursos Afetivos estreou durante a última edição do Festival de Teatro de Curitiba, realizado no final do mês de março e inicio de abril. As poucas apresentações tiveram uma repercussão muito boa, e isso levou a que a partir do mês de julho até novembro deste ano, sempre no último final de semana do mês , uma nova performance seja apresentada, sSempre aos sábados e domingos, às 19h, em algum ponto da cidade. Em agosto (dias 25 e 26), o ponto de partida será a Boca Maldita e o de chegada na Praça Rui Barbosa. Os demais ainda serão definidos.

Percursos Afetivos, arte nas ruas de Curitiba  –  foto: Divulgação

A duração da apresentação/passeio é de 50 minutos e as histórias contadas durante o percurso, enquanto os ciclistas pedalam, são semi-ficcionais, criadas pelo próprio performer Cadu Cinelli que, atualmente, reside em Curitiba. As apresentações são narrativas urbanas construídas a partir de pesquisas sobre a história real dos lugares percorridos, da observação das pessoas que por ali vivem e das vivências e impressões do próprio artista.
A paisagem ao longo do trajeto, durante as apresentações, recebe intervenções como projeções de imagens, palavras, iluminação, introdução de objetos e outras surpresas. Segundo Cinelli: “A ideia, por meio da ação poética, é ressignificar a paisagem, potencializando uma mudança de olhar tanto de quem participa da performance quanto de quem está somente de passagem e se depara com ela”.
A bicicleta é peça fundamentar na apresentação , pois ela é agente responsável em transportar o público, colocando-o ativamente dentro da performance, sendo meio e também ponto de perspectiva para a visão das histórias criadas. Percursos Afetivos possibilita a discussão artística sobre o papel deste veículo e de sua relação com o meio externo, além da utilização e ocupação do espaço público
Cadu Cinelli é um apaixonado pela bicicleta e com ela faz seus deslocamentos e com ela também se integra às cidades que visita. A inspiração para o projeto nasceu durante a leitura do livro Diários de Bicicleta, do cantor David Byrne (Ex Talking Heads). A obra relata a relação do ciclista com as cidades, a função da bicicleta, além de um simples hobby, e seu caráter político. Outra fonte de inspiração foi Manifesto do Museu da Inocência de Istambul, de Orhan Pamuk (vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2006. Nele o escritor promove o reconhecimento e a valorização das incríveis histórias dos homens comuns.
A obra do espanhol Jose Antonio Portillo que desenvolveu um projeto de criação literária para crianças criando um mapa afetivo da cidade de Alcalá de Henares (Espanha) e os filmes que compõem a Trilogia das Cores do cineasta polonês Krzysztof Kieślowski, também foram referências para Cinelli.
Percebi ao transitar pelas ruas e travessas de Curitiba a vocação dos seus espaços para realizar este projeto que fala das pessoas, do seu cotidiano, das suas memórias e histórias escondidas nas fachadas, e que se revelam na sutileza e no cordial e tímido sorriso curitibano. A intenção do trabalho é promover e ampliar a percepção sobre a cidade de forma sensível e afetiva”, conclui o artista.
A produção é independente, e é realizada graças ao apoios, entre eles o da Bicicletaria Cultural, de Curitiba; mas quem participar ou simpatizar com a obra poderá fazê-lo de forma espontânea.  Quem não tiver bicicleta e quiser participar do trajeto pode emprestar no local de partida, mas para isso é preciso fazer a reserva pelo telefone ou e-mail (Cadu Cinelli 21 98352 2492  / cecinelli@hotmail.com).

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