Sem a presença do campeão do ano anterior, Bradley Wiggins, sem Cancellara e com atuações abaixo do esperado de Tony Martin, Ton Dumoulin e com o azar de Rohan Dennis, o Mundial de Contra-Relógio Individual, disputado em Richmond foi um jogo aberto para ciclistas experientes e que dominam a arte da luta contra o tempo. No pódio final não há azarões, todos tem um grande histórico na luta contra o tempo.
“Eu tinha as parciais de tempo, e isso foi importante, mas foi uma corrida contra mim mesmo. Eu sabia desde o início que eu estava em um bom dia. Hoje foi meu dia”. – Vasil Kiryienka vencedor da CRI – Foto: Graham Watson
Um Campeonato Mundial tem dessas coisas: sorte, azar e o dia certo. Vassil Kiryienka, gregário dos bons e bom contrarelogista estava em seu dia, e conquistou a primeira medalha de ouro na CRI para a ex-república soviética da Bielorrussia. Aos 34 anos de idade muitos o colocaram como carta fora do baralho, porém basta dar uma olhada em suas performances ao longo da temporada para perceber que o bielorusso poderia incomodar. Na Tirreno-Adriático foi 3º na crono, venceu a dura crono de 59,4 km do Giro d’Italia, pouco depois conquistou o título do seu país de CRI, foi medalha de ouro da especialidade nos Jogos Europeus, 2º na crono do Tour da Polônia, 4º na CRI da Vuelta. Nos Mundiais tem resultados importantes 4º em Ponferrada’2014, 4º em Firenze’2013, Bronze em Valkemburg’2012. Robocop como também é conhecido já havia subido ao pódio de Richmond com seus companheiros da equipe SKY – quando trabalhou para conquistar a medalha de bronze na contra-relógio por equipes. E era uma peça perigosa na estrada, tanto é que figurava como antepenúltimo na posição de largada (Nos Mundiais na prova de contra-relógio os melhores são sempre os últimos a largar). Ao final da prova Kiryienla declarou: “Foi o tipo de percurso que combina comigo, e mesmo sem Fabian Cancellara e Bradley Wiggins, todos os outros nomes de topo participaram”, e completou “-Foi uma prova com um alto nível e foi uma corrida difícil de vencer.”
Kiryienka foi o mais veloz nas três passagens intermediárias, mas enfrentou um fortíssimo Adriano Malori que começou lento mas cresceu ao longo da prova, fazendo a segunda e terceiras intermediárias com o melhor tempo dando à Itália, por alguns instantes, o gosto do primeiro lugar.
Adriano Malori fez uma corrida de recuperação e conquistou a medalha de prata. Foto: Graham Watson
O australiano Dennis Rohan era um dos candidatos ao pódio, porém enfrentou problemas mecânicos e se viu obrigado a trocar de bicicleta, mesmo assim ainda completou a prova a 1m07s96,terminando pouco mais de 9 segundos à frente de um Tony Martin que naufragava em sua tentativa de conquistar o seu 4º título e empatar com o suíço Fabian Cancellara.
O segundo colocado, o italiano Adriano Malori de 27 anos tem em seu histórico o ouro na U23 (sub-23) no mundial de Varese’2008, no Mundial de Mendrisio’2012 foi 10º , em Firenze’2013 foi 8º, na atual temporada venceu a crono do Tour de San Luis, foi 2º na crono da Volta ao Algarve, na Tirreno-Adriático venceu o crono-prologo e e foi 2º na crono de San Benedetto, venceu a crono do Circuit Sarthe-Pays de la Loire, no tour da Suíça foi 4º na crono de Berna, conquistou o título italiano. No Tour de France foi 8º na Crono de Utretch na etapa de abertura. No último mês de agosto ficou em segundo lugar no Tour du Poitou Charentes e venceu a crono. Após a premiação Malori comentou o seu desempenho no Mundial de Richmond: “Eu dei tudo, mas não foi o suficiente para bater o Kiryienka. Entrei forte desde a largada e fui crescendo durante toda a prova. Estou contente com a medalha, eram 21 anos que um italiano não subia ao pódio e fui eu a romper este jejum. Foi o trecho final que premiou o bielorusso, pois no plano fui mais rápido. O segundo lugar me dá confiança para o futuro”.
Em terceiro lugar , ficou o francês Jérôme Coppel, 29 anos, ciclista da IAM é um polivalente, se defende muito bem nas cronos e já tinha em seu currículo as medalhas de bronze no nos Mundiais de Salzburg’2006 e Stuttgart’2007. Na atual temporada antes de conquistar o título francês, fez um 3º lugar na crono da Vuelta a Andalucia e um 7º lugar na crono de Berna, na Volta da Suíça. No Tour foi apenas 40º no CRI e na Vuelta foi 5º na crono de Burgos. Ao final da prova, o medalhista de bronze declarou: “Eu não acreditava que poderia chegar ao pódio, eu queria um lugar no Top 10, mas as minhas sensações foram muito boas desde o início”. O pódio de Coppel na prova de contra-relógio individual é o primeiro da França em 17 anos, o último a subir foi Laurent Jalabert que em 1997 em San Sebastian ganhou o ouro.
Jérôme Coppel esperava terminar entre os Top10, fez uma ótima corrida ganhando o bronze. Foto: Graham Watson
Se Martin e DuMoulin pagaram os esforços das grandes voltas e Taylor Phinney frustou sua torcida, vale destacar o belo trabalho dos poloneses Maciej Bodnar e Marcin Bialoblocki que terminaram em 8º e 9º e junto com a Itália de Malori e de Moreno Moser que terminou em 10º sendo as únicas nações a colocarem 2 ciclistas na lista dos 10 melhores.
No link os melhores momentos da prova de contra-relógio individual dos Campeonatos Mundiais de Ciclismo de Estrada – Richmond 2015
Campeonato Mundial de Ciclismo Richmond 2015
Contra-Relógio Individual Masculino 53,5 km
1- Vasil Kiryienka/Bielorussia 1h02m29s45 – velocidade média 51.368 km/h
2- Adriano Malori/Itália +9s08 – velocidade média 51.243 km/h
3- Jerome Coppel/França +26s62 – velocidade média 51.005 km/h
4- Jonathan Castroviejo/Espanha +29s36
5- Tom Dumoulin/Holanda +1m01s51
6- Dennis Rohan/Austrália +1m0796
7- Tony Martin/Alemanha +1m16s73
8- Maciej Bodnar/Polônia +1m17s33
9- Marcin Bialoblocki/Polônia +1m22s42
10- Moreno Moser/Itália +1m31s61