SERVIÇOS DE MECÂNICA DÃO FÔLEGO ÀS LOJAS DE BICICLETAS

Com um crescimento de 30% em relação a 2020 e representando em média quase 28% do faturamento das lojas de Bicicletas, os serviços de mecânica deram fôlego aos lojistas em meio à pandemia da Covid-19; dados foram apresentados em Pesquisa Anual e no Boletim Técnico do Comércio Varejista de Bicicletas, desenvolvidos pela Aliança Bike com apoio do Itaú

Mecânica

A prestação de serviços mostrou sua força junto às lojas, o bom momento durante a pandemia não se limitou à venda de bicicletas, componentes, acessórios e roupas. O crescimento também foi muito expressivo nos reparos e serviços mecânicos, que já totalizam 27,8% do faturamento de uma loja de bicicletas, o crescimento foi de 30% em relação ao ano anterior.

Os dados foram coletados junto a 183 lojistas, de 20 estados diferentes do Brasil e mostram outra tendência importante, além do incremento do faturamento vindo de serviços mecânicos – que pode ser explicado, em parte, pelo maior número de bicicletas nas ruas e também porque muita gente tirou das garagens bicicletas que estavam encostadas. O aumento das vendas em 34% no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020.  Nos acessórios o incremento foi de 1,7%, representando 23,45% do faturamento e os componentes tiveram um crescimento de 3,4 % no período e totalizam 25,58% do faturamento total.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CRESCEU COM A PANDEMIA

Os serviços vem incrementando o faturamento das lojas, entre eles está o Bike Fit, um ajuste técnico da bicicleta que busca garantir um melhor posicionamento do ciclista, esse trabalho especializado já representa 10% do faturamento nos comércios que oferecem esse serviço. O bike fit está presente em 14% das lojas de bicicletas que responderam a pesquisa

Se por um lado os serviços mecânicos cresceram 30%, houve uma queda de 11% na participação da venda de bicicletas completas no faturamento das lojas – em 2021 elas representam 42,5% do total. O modelo de maior participação no mercado continua sendo a do tipo mountain bike.

Serviços de mecânica representam 27,8% do faturamento foto: Escola Park Tool

“Os dados do Boletim Técnico e da Pesquisa Anual consolidam uma série histórica importante para o mercado compreender a realidade das lojas e acompanhar as tendências”, comenta Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike.

De acordo com 183 lojas que responderam a Pesquisa Anual, quase 85% delas venderam até 500 bicicletas em 2020, sendo que 44% comercializaram entre 101 e 500 unidades e 7% ultrapassaram mais de 1 mil unidades.

O estudo traz dados importantes quanto ao faturamento anual das lojas brasileiras de bicicleta. 54% têm faturamento entre R$ 101 mil e R$ 1 milhão e 7% têm faturamento superior a 4,1 milhões de reais. Quase um quarto delas é de ME’s – microempresas com é com faturamento de até R$ 100 mil anuais.

LOJAS COM MAIOR TEMPO NO MERCADO TEM FATURAMENTO MAIOR

A longevidade das empresas também revela um faturamento maior ou seu crescimento. Lojas com faturamento de até R$ 100 mil/ano têm idade média de funcionamento de quase 8 anos, enquanto os comércios com faturamento acima de R$ 5,1 milhões abriram há pelo menos 22 anos.

Na média, o perfil de uma loja de bicicletas no Brasil tem 4 funcionários e um faturamento médio entre R$ 501 mil e R$ 1 milhão e está estabelecida mercado há 10 anos.

Os modelos comercializados, revelam o obvio: o domínio dos modelos do tipo mountain bike, encontrada em 98% das lojas especializadas do país, representando a maior participação no volume das vendas.

Os dados coletados também revelam o aumento de lojas que passaram a comercializar e-bikes, de 2018 a 2021 o crescimento foi de 150% – ou pouco mais de 90 das lojas que responderam a pesquisa oferecem ao consumidor algum modelo de bicicleta elétrica.

Bike Fit – um serviço que começa a ganhar espaço em lojas – foto: divulgação

Seguindo tendências internacionais, os modelos de gravel que não apareciam em pesquisas anteriores – até porque são algo recente no mercado – já estão presentes em 35% das lojas ou algo como 64 bike shops ou bicicletarias que participaram. De olho na criançada 38% já trabalham bicicletas de equilíbrio-  modelos infantis do tipo balance bike.

Mas o que movimenta mesmo as lojas,  são as bicicletas de entrada com valor de até R$ 3 mil, representando 61% das bicicletas comercializadas (13% até R$ 1 mil; 19% de R$ 1 a 2 mil; 29% de R$ 2 mil a 3 mil). As bicicletas na faixa intermediária – entre R$ 3 e 10 mil reais – somam 33%.  As que custam acima de R$ 10 mil representam 5% das vendas mas aí temos um escalonamento muito amplo, levando-se em conta os modelos mais sofisticados de moutain bikes, estradeiras e e-bikes.  

O comercio eletrônico vem ganhando força no setor, e a pandemia serviu como gatilho no pais, cresceu 11 pontos percentuais de 2020 para 2021, e já está presente em 51% das lojas brasileiras apresentadas na pesquisa.

COMÉRCIO ELETRÔNICO GANHA ESPAÇO

Do universo de lojas que responderam a pesquisa, 30,9% utilizam website próprio para as vendas online , 38,2% utilizam plataformas de marketplace e 30,9% utilizam a plataforma própria combinando ações também de marketplace.

O Mercado Livre é de longe a plataforma mais utilizada, escolhida por 71,4% das lojas; Magazine Luiza e OLX ambas são opção para 20,4%. As plataformas das mídiais sociais Instagram/Facebook  respondem por 16,3% , Americanas (12,2%). A plataforma Semexe, especializada em bicicletas, e que começou a operar em 2019 já foi acionada por mais de 10% das lojas de bicicletas da pesquisa.

Em meio à desvalorização do Real, à elevação dos preços internacionais, a falta de produtos no mercado os lojistas mostram um grande otimismo com 63% apontando que em 2021 terão um faturamento superior ao de 2020, apenas 16% não mostram esse mesmo otimismo e acreditam que ao final do ano seus números serão inferiores.

Para 66% dos lojistas a redução da carga tributária seria um forte incentivo para que mais pessoas passassem a pedalar , sendo a prioridade nº1. O aumento da estrutura como ciclovias, ciclofaixas e bicicletários foi indicado como prio­ridade nº 2 por 41% dos lojistas.. Aumentar segurança nas estradas e rodovias para quem pratica o ciclismo de estrada também é destaque na opinião dos comerciantes.

Os números da Pesquisa Anual de Comércio Varejista de Bicicletas e o Boletim Técnico Comércio Varejista de Bicicletas refletem um bom momento atravessado pelo setor, resta saber o que vem pela frente, mas não há bola de cristal. Com o país mergulhado em inflação já na casa dos dois dígitos, custos das mercadorias e fretes mais altos no mercado internacional e consequentemente repassados ao consumidor final, será que o consumidor estará disposto a pagar mais para manter, por exemplo, o padrão de seus componentes ou teremos uma redução de qualidade na hora de trocar peças ou mesmo de comprar acessórios?

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