Tour de France: O ÚLTIMO DE SAGAN

Sem resultados expressivos na atual temporada e sem vencer uma etapa do Tour de France desde 2019, Peter Sagan fará sua despedida da grande volta francesa; mas ainda lutará por mais alguma vitória e quem sabe tentar ganhar sua oitava camisa verde. Quando deixar o ciclismo de estrada quer curtir o filho e o mountain bike, mas precisa tomar cuidado com o álcool, pois a justiça de Mônaco, onde reside,  já cassou sua carteira de motorista após ser parado, pela segunda vez pela polícia em estado de embriaguez e por muito pouco não ficou de fora do TdF

Com 7 camisas verdes no Tour, Sagan ainda corre pensando em mais uma – foto: ASO/Alex Broadway

A poucos dias da largada da próxima edição do Tour de France, pipocam pelos meios de comunicação e mídias sociais notícias sobre ciclistas, especulações de mercado e de grandes nomes do esporte que disputarão pela última vez a grande volta francesa, como é o caso de Mark Cavendish, aos 38 anos e de Peter Sagan aos 33.

‘Uma oitava camisa verde não é impossível, mas com essa nova geração de ciclistas não será fácil’

Sagan que traz em seu currículo 11 participações no Tour de France, 12 vitórias de etapa e 7 conquistas da camisa verde ainda sonha com uma oitava conquista, é verdade que sua última vitória em terras francesas foi em 2019, mas ele em um final de carreira que parece um tanto melancólico ainda sonha:  “Talvez eu ainda possa tentar alguma coisa na classificação por pontos. Uma oitava camisa verde não é impossível, mas com essa nova geração de ciclistas não será fácil. Vou pensar dia após dia e ver o que acontece “, declarou ao jornal belga Het Nieuwsblad.

Última vitória de Sagan no Tour de France 2019, 5ª Etapa Saint-Dié-Des-Vosges> Colmar –
foto: ASO/Alex Broadway

Sagan começou a temporada 2023 na Vuelta a San Juan, onde até agora tem seu melhor resultado no ano, um 2º lugar na etapa entre o Autródromo de Villicum e Barreal, quando ficou atrás do colombiano Fernando Gaviria.

Na Volta da Suíça/Tour de Suisse – último grande evento antes do TdF, e aonde ele tem 18 vitórias de etapa, passou longe do pódio. “Não foi a minha melhor Volta da Suíça. Terminei em quinto lugar em uma etapa, mas nas outras nunca joguei pela vitória”, e a falta de resultados no ano ainda se soma, há uma semana da largada do TdF,   à queda, durante o sprint no campeonato eslovaco.

‘O Tour me deixa muito estressado’

A entrevista ao Het Nieuwsblad ainda traz uma revelação que para muitos pode ser surpreendente, e apesar de suas 12 vitórias no Tour de France, o três vezes campeão mundial (Bergen’2017, Doha’2016 Richmond’2015) declarou nunca ter gostado da grande volta francesa como corrida. “O Tour me deixa muito estressado. Definitivamente não sentirei falta no próximo ano. Sim, é verdade que se trata da maior prova do mundo, mas na verdade só gostei muito das duas primeiras vezes (ndr.: 2012 e 2013).  Na época eu ainda era novo e obtive ótimos resultados. Então você percebe que na realidade isso só causa estresse”.

Apesar disso, o campeão eslovaco não nega que ao se aposentar sentirá falta da convivência no pelotão, principalmente nas grandes voltas: “Se existe alguma coisa que eu vou sentir falta?… Bem, com certeza a  atmosfera na equipe quando ganha. Quando você disputa corridas tão longas (ndr.: como as grandes voltas), estar em uma equipe é como viver em uma pequena família. Você está em uma bolha desconectada do mundo exterior. Devo dizer que gosto deste aspecto”.

Destaque no pelotão com a camisa verde de líder da Classificação por Pontos do Tour de France
foto: ASO/Pauline Ballet

Mais uma vez ele declara sua paixão pelos ‘pneus gordos’ e pelas trilhas e que após sua aposentadoria não vai pendurar as sapatilhas, mas talvez volte a se dedicar ao mountain bike, onde começou sua relação com as bicicletas e mais uma vez sonha em uma classificação olímpica para os Jogos de Paris’2024 – após sua participação na Rio’2016 quanto foi 35º – sem disputar provas classificatórias e apesar de uma pífia participação no ano passado no mundial de e-MTB em Les Gets’22 quando foi 16º, terminando a mais de 5 minutos do vencedor. “Sempre quis ser um mountain biker ou downhiller. Essas são minhas verdadeiras paixões. Quando estou na América, treino todos os dias em uma mountain bike. Também gosto de motocross e enduro. Seria bom poder aproveita-lo um pouco mais no ano que vem”, comentou ao falar sobre seu relacionamento com modalidades fora da estrada.

‘Virar um comentarista? Não, definitivamente isso não é para mim’

Ele ainda não tem nada assegurado sobre o futuro: “Também não pensei no meu futuro, quando definitivamente parar de correr. Virar um comentarista? Não, definitivamente isso não é para mim. Nem sei se vou assistir as corridas no ano que vem”.

Se ainda não definiu seu futuro profissional, ele destaca quer passar mais tempo com seu filho Marlon, “Ele é bom em todos os esportes. Nada, joga futebol e tênis. É bom vê-lo em ação. Quero dar a ele a vida que tive quando criança. Fazer as coisas que eu gosto com ele, obviamente só se ele quiser fazer”.

Quando se trata da relação pai e filho, Sagan deixa claro que é um pai que dá independência ao seu filho, porém quando o assunto é ciclismo há uma drástica mudança: “Não quero que ele se torne um ciclista. Quando este ano voltei da Paris-Roubaix com o rosto sujo e machucado, Marlon me perguntou o que havia acontecido. Não respondi, mas falei para ele: ‘Prometa que você nunca vai correr’. Felizmente, ele não pensa muito nisso, sua resposta foi: Vou jogar tênis’. Não entendo por que você gosta de correr. Basicamente, meu filho de quase seis anos riu de mim”.

Queda na última Paris>Roubaix foto: Etienne Garnier/Getty Images

Ao final da entrevista, Sagan ao ser indagado sobre a trágica morte do colega de pelotão Gino Mäder, ocorrida durante o Tour de Suisse, declarou: Não quero falar muito sobre esse assunto, mas ninguém tem culpa do que aconteceu. Infelizmente, essas são coisas que acontecem neste esporte. Não deveriam acontecer, mas podem acontecer. Gino não lutava pela vitória da etapa e estava fora da disputa da classificação, então não precisava arriscar nem nada. Foi um acidente. Lugar errado, hora errada“.

Se as coisas na estrada na atual temporada não estão boas para Sagan, também não vão muito bem com a justiça do Principado de Mônaco onde reside, faltando 4 dias para a largada do TdF o jornal Monaco Matin revelou que no último dia 12 de Maio foi parado pela polícia às 11h35 da manhã e ao passar pelo teste do bafômetro sua taxa de álcool no sangue era de 1,46 mg/l, quando o limite é 0,5 e esta não era a primeira vez, em 2021 ele já havia sido parado e detido após um controle positivo.

Duas vezes ‘positivo’ no bafômetro da polícia de Mônaco

”A polícia notou o comportamento arriscado e até perigoso de um motorista no guidão de seu veículo motorizado. O piloto tentava estacionar em uma vaga reservada para veículos de duas rodas. Os agentes aproximam-se e muito rapidamente apercebem-se dos sinais de embriaguez do condutor do scooter” , explicou o magistrado, “portanto, a regra a observar consiste em soprar no bafómetro. As vagas suspeitas dos oficiais estavam se tornando uma certeza. De imediato, o piloto foi conduzido às dependências da Segurança Pública para verificação da taxa exata.

Peter Sagan, por meio de seu representante, explicou que havia passado a noite em discotecas e outros bares noturnos antes de ir para a cama por volta das 3 da manhã. Ele tinha um compromisso cerca de quatro horas depois com um amigo, mas ainda estava embriagado.

Sagan foi condenado a três meses de prisão condicional mas essa pena foi suspensa por e sua licença de motorista foi suspensa por três meses, com isso ele poderá largar no Tour, mas não se livrou da acusação da promotoria que aponta ainda a responsabilidade do ex-grande campeão que deve ter um papel de exemplo para os jovens.

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