Apostar em eventos de distâncias sprint e olímpica é o novo plano da Unlimited Sport, organizadora do IRONMAN Brasil. Ao desenvolver um circuito de triathlon com distâncias mais curtas a proposta é trazer novas pessoas para o esporte e dar condições para o desenvolvimento da modalidade. O triathlon precisa de uma chacoalhada, e o projeto tem tudo para movimentar e resgatar um pouco dos bons momentos que esporte já vivenciou nas provas de distâncias mais curtas
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro expuseram, para quem segue o triathlon a crise pela qual a modalidade atravessa no país, nunca o Brasil teve uma delegação tão enxuta – com apenas 2 competires – sendo um homem e uma mulher, o país caiu das 6 vagas de Sydney e Atenas para 2 competidores na prova que seria disputada em casa. Triste constatação que apenas reflete o momento do esporte olímpico quer seja em sua administração quanto na quantidade de provas.
A modalidade passa por uma crise, faltam provas de distâncias curtas como sprint (antigo short) e olímpica, aonde se formam os competidores para depois passar para as provas mais longas. Com o fim de várias provas promocionais e o enxugamento de calendários para aqueles que queriam iniciar no esporte não havia muita alternativa a não ser as provas de longa e média distância – o que pode ser um tremendo erro para quem nunca disputou um triathlon. Mas essa é a realidade atual que mudará já a partir de 2017 com a chegada do TRIday Series, um circuito de 6 etapas de triathlon nas distâncias sprint e olímpica que será disputado entre abril e dezembro com provas no Riacho Grande, São Carlos e na Cidade Universitária em São Paulo. Em seu primeiro ano, cada etapa terá um investimento inicial estimado em 300 mil reais, é uma aposta alta, mas que sinaliza com a possibilidade de conseguir parceiros comerciais de nível e dar em contrapartida aos esportistas um evento de alta qualidade técnica.
Carlos Galvão da Unlimited Sports apresenta o TRIDAY Series – foto: Fábio Falconi / Unlimited Sports
O organizador do evento, Carlos Galvão, diretor da Unlimited Sports, explicou durante o lançamento do projeto em São Paulo na última quinta-feira (15/09) qual é a proposta: “O TRIDAY nasce com o objetivo de tornar-se um circuito diferenciado, principalmente no quesito técnico. Os locais escolhidos apresentam condições favoráveis para a prática do triathlon, desde percursos seguros, até diferenciais que incrementem a experiência do atleta. A ideia é expandir para diferentes regiões, pensando sempre em oferecer qualidade técnica e um calendário mais flexível, que contribua para o desenvolvimento individual dos competidores, sejam eles amadores ou profissionais”.
Fernanda Keller e Igor Amorelli elogiaram a iniciativa e apostam nas provas de curta distância para a evolução da modalidade – foto: Fábio Falconi /Unlimited Sports
O projeto tem tudo para contribuir e recolocar o esporte em seu lugar de destaque, e para isso também pensa no futuro abrindo espaço para a participação das categorias de base com jovens de 14-15 anos na sprint e 16-17 anos também na distância olímpica. Com isso o organizador, Carlos Galvão, acredita que estará contribuindo para o surgimento de novos campeões e quem sabe ver despontar desse circuito algum representante brasileiro para as próximas Olimpíadas. “O Brasil tem um potencial humano muito grande e acreditamos que é possível sim trabalhar nomes para nos representar com destaque já em Tóquio. Nosso foco, por enquanto, não é encontrar estes atletas, que podem, inclusive, já estar por perto, mas sim oferecer a ferramenta e o ambiente de desenvolvimento deles, um primeiro passo. É importante que o país crie condições para que tenham contato mais próximo e mais frequente com o esporte. Nesse ponto que pretendemos contribuir”, comentou o diretor da Unlimited Sports.
O objetivo é claro, ao realizar provas nas distâncias sprint (750/20/5), abrir espaço e resgatar a distância para que está iniciando no esporte, além disso o circuito TRIDAY poderá ser disputado na modalidade revezamento por equipes – em duplas ou trios – aonde cada um disputa uma modalidade O projeto está sendo trabalhado para ser o mais forte do triathlon olímpico e sprint no Brasil. “Naturalmente, faz parte do nosso planejamento que ele cresça como circuito. Em 2017 daremos o pontapé inicial e, a partir daí, estaremos atentos aos ajustes e melhorias necessárias para que se expanda nacionalmente de forma robusta”, explicou Galvão que também avaliou o momento que atravessa a modalidade as dificuldades para quem quer começar a competir: “Vemos por aqui um grupo bastante fiel a esta modalidade, mas que, infelizmente, encontra poucas opções de provas olímpicas, o que prejudica inclusive na preparação. É importante que se crie uma cultura não só de treino, mas também de experiência, antes de largar em um IRONMAN. Para melhores desempenhos e, também, para a própria segurança do atleta, é importante que este se familiarize melhor com o triathlon, não só no quesito físico, mas também psicologicamente, ficando mais confiante. O TRIDAY Series pode contribuir neste sentido, além de ser uma opção para quem quer abraçar o esporte sem necessariamente encarar um desafio tão radical”.
A mais importante triatleta do país, Fernanda Keller, esteve presente no lançamento do evento e comentou sobre a necessidade de termos no calendário provas de distâncias mais curtas, mesmo sendo ela uma especialista em longas distâncias: “Sempre fiz provas curtas, mesmo tendo o IRONMAN como objetivo principal. Para as pessoas que querem ser triatletas de longa distâncias e ainda não estão preparadas não existe uma oportunidade melhor.. É um circuito muito importante para levantar o triathlon no Brasil e para que tenhamos mais eventos e um número maior de praticantes”, a resposta de Fernanda se confirma em seu currículo de vitórias em provas nas distâncias short e olímpica, são seis títulos no Troféu Brasil, outras tantas vitórias em provas como o circuito Estácio de Sá e até mesmo em seletivas e etapas do Campeonato Brasileiro.
O campeão do IronMan Brasil em 2014 e que no próximo dia 8 de outubro disputará o IronMan no Hawaii, Igor Amorelli também apontou para as provas mais curtas, quando se trata de começar no esporte: “Tínhamos vários campeonatos nesse estilo de Sprint e Olímpico, que aos poucos foram diminuindo ou quase acabaram. O caminho certo é iniciar pelo Sprint, depois Olímpico e o meio IRONMAN e aí chegar ao IRONMAN”, apontando que o melhor caminho é pela evolução do esportista dentro da modalidade.
A primeira etapa acontecerá no dia 30 de abril no Riacho Grande, com a natação sendo realizada na Represa Billings e o ciclismo e a corrida na Estrada Velha, ali também será disputada a quarta etapa. O Parque Eco-Desportivo Damha, em São Carlos, receberá a em 11 de junho a segunda etapa e em 5 de novembro a quinta etapa. A USP – Cidade Universitária de São Paulo – local já tradicional da modalidade receberá a terceira etapa, no dia 16 de julho, e a etapa de encerramento no dia 3 de dezembro, e segundo comentários durante a apresentação a etapa da capital terá o seu ciclismo disputado em um trecho da Marginal Pinheiros o que para os competidores é uma garantia de encontrar um asfalto de melhor qualidade para a disputa do ciclismo.