UM BRASILEIRO NA FEDERAÇÃO ITALIANA DE CICLISMO

Às boas notícias dos ciclistas brasileiros Vinicus Rangel na Movistar e Victor de Paula no Valverde Team que passaram a integrar o pelotão profissional internacional se soma a uma de relevância, talvez nunca antes vista na modalidade, a chegada de um cientista do esporte brasileiro, o paulistano José Luiz Dantas, à FCI – Federazione Ciclistica Italiana, onde ocupará o cargo de Coordenador Científico de uma das mais importantes e tradicionais federações dos esportes em bicicleta, onde cuidará do alto rendimento de todas as seleções italianas em todo o leque de especialidades.

Dantas com o Diretor Esportivo Sarri e o jovem Gabriele Benedetti – foto: arquivo pessoal

De tempos em tempos um ou outro ciclista brasileiro vem a muito custo e esforço conquistando espaço no ciclismo profissional internacional, é algo que acontece desde meados dos anos 80, porém nunca tivemos um brasileiro sendo reconhecido pelo seu trabalho na preparação física, no alto rendimento e na ciência aplicada ao esporte, mais especificamente ao ciclismo. Mas isso está mudando com a contratação de José Luiz Dantas, pela FCI – Federazione Ciclistica Italiana, para ocupar o cargo de Coordenador Científico, onde cuidará de 15 modalidades e seleções sob controle da instituição.

O trabalho de Dantas será ainda mais profundo pois será também o responsável pelo direcionamento cientifico na reforma pela qual a Escola Técnica para Diretores Esportivos e Treinadores de Ciclismo da FCI passará em breve.

Começou sua relação com o ciclismo quando cursou Educação Física, em Campinas quando elaborou sua tese sobre a eficiência das pedaladas. Mas foi em Londrina, no mestrado de Educação Física e graças aos cursos de ciclismo indoor e ao encontrar um grupo de amigos ciclistas que o convidaram para pedalar, inclusive emprestando-lhe uma ‘estradeira’ que surgiu a paixão pela modalidade e que o levaram ir a fundo no conhecimento sobre as técnicas de preparação e trabalho com ciclistas

Em 2015 no trabalho de avaliação de Damiano Cunego na Vini Fantini – foto: Arquivo Pessoal

Não sendo um ciclista do pelotão, Dantas canalizou seu gosto pela modalidade através da pesquisa científica e no trabalho com o alto redimento. Sob a coordenação do Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes, a integrou o Grupo de Estudo e Pesquisa do Sistema Neuromuscular da FEF – UNICAMP, este foi o primeiro dos muitos trabalhos acadêmicos que viriam pela frente, sempre contando com a colaboração de ciclistas.

Seu envolvimento na preparação de ciclistas começou em 2008, e o primeiro parceiro foi Eder Freire. Parceiro porquê como Dantas nos contou: “Ele precisava de um treinador e eu precisava de um atleta para começar”, foi o início que depois o levou a trabalhar com Renato Ruiz, William Chiarello, os irmãos Leonardo e Fernando Finkler; Pedro Leme, Alessandro ‘Indinho’ Guimarães, o italiano Gabriele Benedetti (6° no mundial Junior de Insbruck’2018), entre tantos outros que o fizeram conhecido no pelotão brasileiro.

Em meio ao trabalho muito estudo, fez mestrado na Universidade Estadual de Londrina, no GEAFIT – Grupo de Estudo das Adaptações Fisiológicas ao Treinamento, sob a orientação do Prof. Fabio Yuzo Nakamura. Com especialização em monitoramento de carga externa e interna de treinamento, que foi o trampolim para sua ida para a Itália em 2012 para fazer um doutorado, em Ciências Médicas e Aplicadas, que apesar de seu trabalho não estar totalmente ligado aos esportes a pedal, foi oportunidade que ele teve para se aproximar de profissionais italianos para desenvolver sua carreira. Isso o levou a várias idas e vindas em uma ponte-aérea entre o Brasil e a Europa.

Os estudos no ciclismo o levaram a estagiar na Kent University, na Escola de Esportes e Ciências do Exercício, da Inglaterra. Essa universidade é um dos pontos de apoio nas pesquisas da British Cycling Federation e à época doTeam Sky, tendo como supervisor o  Prof. Samuele Marcora.

Seu trabalho com o pelotão internacional ganhou força em 2015 quando, coordenou a avaliação morfofisiológica da equipe Nippo Vini Fantini na Universidade de Chieti, na Itália. A partir daí ganhou espaço, passando a trabalhar também com a CPS Professional Team e a Valdarno Regia Congressi Seicom dedicadas às categorias de base.  

Com o ciclista e amigo Renato Ruiz antes da largada do tradicional GP 1º de Maio em Indaiatuba/SP – foto: arquivo pessoal

Entre estudos e contatos profissionais Dantas também tem como profissionais de referência e parceiros  Paolo Menaspà – um dos titulares do Instituto Australiano de Esporte  (AIS); o  professor Samuele Marcora (ex-diretor e pesquisador da Escola de Ciências do Esporte e do Exercício – Universidade de Kent e atualmente pesquisador do Departamento de Ciências Biomédicas e Neuromotoras da Universidade de Bolonha) e Paolo Slongo (Chefe de Performance do Bahrain Merida Pro Cycling Equipe). Para quem não acompanha essa parte mais técnica, o brasileiro simplesmente se relaciona com pessoas que estão à frente no trabalho cientifico com o esporte e mais especificamente no ciclismo.

A qualidade de seu trabalho e detalhamento garantiram ao mestre e pesquisador brasileiro um lugar de excelência, ele havia declarado algum tempo atrás que seu sonho era trabalhar com o ciclismo de alto rendimento; Dantas já deu mais de um passo, chegando a um posto onde ninguém imaginaria um brasileiro.

Nossa torcida é para que o profissional contribua nas conquistas dos italianos, mas quem sabe algum dia também possa exercer trabalho similar no Brasil, aplicando ciência na preparação das seleções nacionais, mas enquanto essa oportunidade não vem, o nosso In Bocca al Lupo, ou boa sorte,  a José Luiz Dantas em seu trabalho como Coordenador Científico da Federação Ciclística Italiana..

1 comentário em UM BRASILEIRO NA FEDERAÇÃO ITALIANA DE CICLISMO

  1. Cleide disse:

    Orgulho deste menino, desde sempre muito estudioso e esforçado. Minha tia lá no céu aplaudindo com orgulho o filho e nós também. Voe Ze…vc merece todo o sucesso e reconhecimento pela pessoa e profissional q vc é. Bjuss …

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